Eu fiquei no "publico ou não publico?" e quase que não saí do lugar. Publicar o que? Um texto com um relato sentimental? Não, não é o caso. O sentimento está presente, mas em plano secundário. É sobre o pertencer, o 'ter'.
Me faltava inspiração para escrever sobre um ano extremamente pesado como este; 2016. Naturalmente, a inspiração precisava ser de peso. E (in?)felizmente foi. Agora, não preciso mais me censurar, todos sabem de quem estou falando: de mim mesmo. Alguém que tinha seus conceitos sobre relacionamento, paixão e amor e que viu todos eles serem desconstruídos. Tudo isso num único dia.
Se falo sobre pertencer, preciso falar sobre relacionamento, porque pertencer é uma relação entre dois objetos (talvez mais?). Não é uma questão de forçar a barra, o conceito de pertencer remonta às teorias de conjuntos, não estou deixando meu lado matemático falar mais alto. Tomando a mais conhecida delas, a que foi amplamente discutida por Cantor, com seus tantos axiomas, uma conclusão simples é que a relação de pertencer não é recíproca. Ou seja, se eu pertenço a você, você não pertence a mim.
Dessa forma, haver o "pertencer" num relacionamento, significa que existe uma figura protagonista e uma figura antagonista. Ou seja, se alguém pertence ao outro num relacionamento, o outro não pertence ao alguém, ao menos é isso que diz a matemática, comigo extrapolando. De tal forma, relacionamentos, em sua forma mais pura e original, não são compostos pelo pertencer.
Tá, e onde quero chegar com isso, dado que este texto é sobre este ano?
Relacionamento não é algo que só existe entre duas pessoas (ou mais) que sentem prazer sexual uma com a outra. Relacionamento é algo que permeia algum tipo de cultura que há entre pares ou mais pessoas. O relacionamento familiar talvez seja o mais comum, seguido pela amizade.
Quando começou 2016, achava que uma luz se acenderia em meio às trevas, mas o tempo foi passando e percebi que o que eu chamava de trevas era neblina. E fez-se a luz, mas só porque o dia tinha acabado de amanhecer. Tudo nítido e com clareza, certamente o que viria seria mais uma lição que a vida me daria por novamente estar me descuidando.
Meus relacionamentos sempre tiveram suas peculiaridades burocráticas. Os meus "não gosto", "gosto", "amo", "odeio" sempre tiveram uma certa burocracia. E era isso que eu queria mudar neste ano; ser mais normal nisso. E tive um certo êxito! Não como a suposta luz que viria, mas tem sido um pouco menos difícil de demonstrar aquilo que sinto.
Ainda assim, a natureza de muitos relacionamentos tem um certo protagonismo: a hierarquia dos laços sanguíneos, por exemplo. Então, mesmo que você tenha êxito na busca de melhorar suas relações pessoais, há diversas barreiras para uma certa reciprocidade em relacionamentos hierárquicos. Neste sentido, toda a nitidez e clareza do começo do ano eram a doce ilusão de que a famigerada luz tinha aparecido.
Entretanto, não é só de relacionamentos externos que vive o ser (ou, ao menos, o meu ser). Há também o contato com o eu interno. A relação de mim comigo mesmo ficou duvidosa, aconteceram crises de identidade, está acontecendo. Passei a duvidar de muita coisa - quem sou eu? Eu existo? Qual o meu propósito? Qual o grande negócio em estar vivo?
Sim, isso tudo é extremamente complicado, mas a dificuldade dos fatos da vida é o que reflete em aprendizado. Quem não tem um sofrer, não tem um parâmetro do quão feliz é; quem não se perde, não se encontra; quem não questiona, não tem certeza da verdade.
Com outras palavras, o que eu disse foi: a verdade só existe graças à dúvida. É um pouco de Schrödinger, um pouco de vivo e morto, é a raíz da verdade: o fato é a verdade sobre o fato e a verdade sobre o não-fato. Assim está meu relacionamento com a igreja cristã: não sei se é ateísmo, mas também é.
E a amizade...
Com tantas "modalidades" de relacionamento, seria um pouco injusto falar sobre a amizade, porque é algo tão difícil e tão já comentado, que só aumentaria a chatice deste tipo de texto. É melhor falar sobre o amor que envolve tesão.
O amor que envolve tesão! Já é uma frase que por si só está completa em arte, em beleza e até um pouco de comicidade. É - eu acho - um pré-suposto de um relacionamento que traz todos os sentimentos presentes nos demais relacionamentos, como o carinho, o sentimento de família, a esperança e, como uma luva, o tesão.
O relacionamento com tesão é bom, é lindo, é maravilhoso... e é uma desgraça! Porque de certa forma é o que traz consigo mais insegurança e mais necessidade de reciprocidade (diferente da relação entre mãe e filho, por exemplo). Ou seja, é uma forma de se relacionar quase insustentável. E dela surge muito conhecimento, muito conceito sobre vida, muito conceito sobre tudo.
Agora pense no quão bizarro é algo insustentável gerar tanto conceito. Exatamente! Muitos dos nossos conceitos derivam das adversidades, então o ponto não é quem eu sou, mas quem eu estou. Eu acho isso bem esquisito; contra-intuitivo.
Eu achava que amor era um sentimento eterno, por isso prendi o meu em uma garota. Ambos, o sentimento e ela, tinham morrido dentro de mim, mas eu não conseguia admitir isso. Então ela se casou semana passada e me fez admitir e, de brinde, escrever estas palavras.
E assim foi meu 2016.
quinta-feira, 22 de dezembro de 2016
sábado, 26 de novembro de 2016
Prosa de sábado
Eu só queria que meu conhecimento matemático fizesse isomorfismo com meu conhecimento de relações interpessoais; sou péssimo. Vários poemas que eu deixo passar, várias histórias de poemas que eu deixo passar, tudo isso justificado sob o manto da verdade, da lógica e da timidez camuflada.
É, ela era sensacional, gostava de mim, gostava; continua sendo sensacional, se cabe aqui dizer.
Não acredito que, caso viva até lá, não faça grandes contribuições, conheço bem o meu potencial... para assuntos que pouco dizem sobre o cotidiano. Acredito que serei um grande matemático, acredito sim. E o que têm me dito sobre a teoria unicamente pela teoria? Têm me dito o quanto é inútil - eu estou trilhando um caminho para ser mais um inútil.
Gostaria que a sociedade não fosse tão utilitarista assim, que a lógica e a verdade fossem levadas em consideração pelo simples fato de 'serem'. A sociedade não é assim. Não posso dizer o quanto gosto de álgebra se não disser que gosto dos operadores usados na mecânica quântica ou de análise se não disser que as equações diferenciais que gosto são usadas em dinâmica de populações.
Então, diferente de tantos daqueles meus textos recheados de narcisismo, chego à conclusão de que sou só mais um fruto da incoerência: alguém que acha que todos devem contribuir para engrandecer a sociedade, mas quer estudar coisas inúteis. Não, é óbvio que sei que a matemática não é inútil, mas de tão ser humano que sou, passo a contestar a própria essência do meu ser: por que gosto daquilo que em nada contribui com o cotidiano?
Com uma dose de sinceridade, bem, isso que disse é a menor parte do meu carma. Existe uma parte maior, um maior elemento, e tem nome... é uma mistura de carência, maturidade e cinismo. É sim!
É, ela era sensacional, gostava de mim, gostava; continua sendo sensacional, se cabe aqui dizer.
Não acredito que, caso viva até lá, não faça grandes contribuições, conheço bem o meu potencial... para assuntos que pouco dizem sobre o cotidiano. Acredito que serei um grande matemático, acredito sim. E o que têm me dito sobre a teoria unicamente pela teoria? Têm me dito o quanto é inútil - eu estou trilhando um caminho para ser mais um inútil.
Gostaria que a sociedade não fosse tão utilitarista assim, que a lógica e a verdade fossem levadas em consideração pelo simples fato de 'serem'. A sociedade não é assim. Não posso dizer o quanto gosto de álgebra se não disser que gosto dos operadores usados na mecânica quântica ou de análise se não disser que as equações diferenciais que gosto são usadas em dinâmica de populações.
Então, diferente de tantos daqueles meus textos recheados de narcisismo, chego à conclusão de que sou só mais um fruto da incoerência: alguém que acha que todos devem contribuir para engrandecer a sociedade, mas quer estudar coisas inúteis. Não, é óbvio que sei que a matemática não é inútil, mas de tão ser humano que sou, passo a contestar a própria essência do meu ser: por que gosto daquilo que em nada contribui com o cotidiano?
Com uma dose de sinceridade, bem, isso que disse é a menor parte do meu carma. Existe uma parte maior, um maior elemento, e tem nome... é uma mistura de carência, maturidade e cinismo. É sim!
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
Como uma onda
Autocontrole é uma dádiva ou uma desculpa para o medo? É meio difícil responder a uma pergunta como essa. Dia desses, um cara morreu. Sabe, ele vinha tendo tempos ruins... não o conhecia, mas tudo indica que se suicidou dentro da universidade onde tenho uma vida acadêmica.
Infelizmente, o suicídio mostra o quanto a vida é efêmera... e frágil. Não importa quão rígido, disciplinado ou austero seja o planejamento; no fim, o que conta mesmo é o amor do próximo. Se aquele homem, que se suicidou nos trilhos do trem querendo chamar a atenção de milhões de pessoas, pudesse voltar e ver a opinião da grande massa, teria se jogado de novo. A grande massa é cruel.
Eu não entendo como uma sociedade majoritariamente cristã pode ter tanto ódio pelo outro. Diz-se que Cristo pregou o amor ao próximo, morreu na cruz por amor à humanidade. Não entendo muito bem isso. Amor por quem não conhece? Amor sem querer algo em troca! É realmente uma das mais bonitas histórias de amor, possivelmente a maior. E onde está a maioria cristã para contestar as declarações de ódio contra um suicida?
Uma das maiores necessidades de um suicida em potencial é o amor do outro, pois ele não tem amor à própria vida. Ainda assim... o mundo... a vida... nós só escrevemos porque sentimos a necessidade de nos comunicar e isso vem da vida em sociedade, estas linhas são resultado de uma construção desenvolvida pela vida em sociedade. Eu não cheguei até aqui graças apenas à minha própria vontade, foi um trabalho que envolve muitas pessoas.
Amor próprio é fundamental para construir algo, mas uma construção com apenas cimento e tijolos é uma construção sem cor, vazia, instável, talvez até sem sentido. O amor próprio de nada vale se for somente ele a vida toda. Foram duas as notícias de suicídio que me tocaram nesta temporada e elas passaram assim... despercebidas, como aquele vento calmo que sopra na madrugada e só é sentido por quem está bem próximo.
O que mais me aflige é saber que o suicídio pode ser visto como um devaneio do autocontrole. Conheço pessoas insatisfeitas com a própria vida, algumas delas até já tentaram contra a própria vida. Em raras situações, até eu fiquei insatisfeito com minha vida. E o que me salva? Olhar para a bela construção que faço em conjunto com boas pessoas. Talvez não boas moralmente, mas boas para mim.
Autocontrole é dádiva (divina)?
Se é, é necessário prestar atenção em dádivas: qualidades do ser podem prejudicar o estar. É como o cigarro que alivia a solidão e é negado pela moral, por poder reduzir o tempo de uma vida que tem tempo indeterminado. É melhor enxergar qualidades como características, porque característica é uma forma genérica de algo do indivíduo que pode ser qualidade ou defeito, embora isso dependa do ponto de vista.
O autocontrole pode causar o suicídio. É como pensar justamente no confronto mental do indivíduo: "chega de tanta indecisão, preciso agir, ao menos uma vez na vida".
Autocontrole é desculpa para o medo?
A resposta disso pode ser trágica. Se sim, o medo pode ser o novo, então, controlar-se perante o novo é o "extasiante" autocontrole. Pode ser o medo de usar uma substância que traz consequências drásticas ou o medo de aceitar um emprego que subsidie uma boa condição de vida, mas enxugue a essência da vida por ser cansativo e estressante.
Essa visão de autocontrole também causa o suicídio. Sim, o autocontrole que é o medo de viver sob condições difíceis.
Então, onde eu quero chegar com isso? Tudo causa a morte?! Não! A morte é a ausência eterna dos sentidos, logo, ela pode ter acontecido antes que percebam. O autocontrole pode não ser suficiente para evitá-la ou mesmo causá-la. Não é difícil pensar nisso.
Sabe o que é? Como eu disse, esses dias, ontem ou anteontem, morreu um cara que tinha ingerido dezenas de comprimidos; algum tempo atrás, outro se jogou na estação de metrô. Sobre o mais antigo, ouvi diversos discursos criticando a pessoa por "ter atrapalhado tantas pessoas a irem trabalhar"; sobre o atual, vi apenas uma nota oficial da universidade e um ou outro comentário. Não que empatia seja obrigação das pessoas, mas ódio gratuito com certeza não é.
Infelizmente, o suicídio mostra o quanto a vida é efêmera... e frágil. Não importa quão rígido, disciplinado ou austero seja o planejamento; no fim, o que conta mesmo é o amor do próximo. Se aquele homem, que se suicidou nos trilhos do trem querendo chamar a atenção de milhões de pessoas, pudesse voltar e ver a opinião da grande massa, teria se jogado de novo. A grande massa é cruel.
Eu não entendo como uma sociedade majoritariamente cristã pode ter tanto ódio pelo outro. Diz-se que Cristo pregou o amor ao próximo, morreu na cruz por amor à humanidade. Não entendo muito bem isso. Amor por quem não conhece? Amor sem querer algo em troca! É realmente uma das mais bonitas histórias de amor, possivelmente a maior. E onde está a maioria cristã para contestar as declarações de ódio contra um suicida?
Uma das maiores necessidades de um suicida em potencial é o amor do outro, pois ele não tem amor à própria vida. Ainda assim... o mundo... a vida... nós só escrevemos porque sentimos a necessidade de nos comunicar e isso vem da vida em sociedade, estas linhas são resultado de uma construção desenvolvida pela vida em sociedade. Eu não cheguei até aqui graças apenas à minha própria vontade, foi um trabalho que envolve muitas pessoas.
Amor próprio é fundamental para construir algo, mas uma construção com apenas cimento e tijolos é uma construção sem cor, vazia, instável, talvez até sem sentido. O amor próprio de nada vale se for somente ele a vida toda. Foram duas as notícias de suicídio que me tocaram nesta temporada e elas passaram assim... despercebidas, como aquele vento calmo que sopra na madrugada e só é sentido por quem está bem próximo.
O que mais me aflige é saber que o suicídio pode ser visto como um devaneio do autocontrole. Conheço pessoas insatisfeitas com a própria vida, algumas delas até já tentaram contra a própria vida. Em raras situações, até eu fiquei insatisfeito com minha vida. E o que me salva? Olhar para a bela construção que faço em conjunto com boas pessoas. Talvez não boas moralmente, mas boas para mim.
Autocontrole é dádiva (divina)?
Se é, é necessário prestar atenção em dádivas: qualidades do ser podem prejudicar o estar. É como o cigarro que alivia a solidão e é negado pela moral, por poder reduzir o tempo de uma vida que tem tempo indeterminado. É melhor enxergar qualidades como características, porque característica é uma forma genérica de algo do indivíduo que pode ser qualidade ou defeito, embora isso dependa do ponto de vista.
O autocontrole pode causar o suicídio. É como pensar justamente no confronto mental do indivíduo: "chega de tanta indecisão, preciso agir, ao menos uma vez na vida".
Autocontrole é desculpa para o medo?
A resposta disso pode ser trágica. Se sim, o medo pode ser o novo, então, controlar-se perante o novo é o "extasiante" autocontrole. Pode ser o medo de usar uma substância que traz consequências drásticas ou o medo de aceitar um emprego que subsidie uma boa condição de vida, mas enxugue a essência da vida por ser cansativo e estressante.
Essa visão de autocontrole também causa o suicídio. Sim, o autocontrole que é o medo de viver sob condições difíceis.
Então, onde eu quero chegar com isso? Tudo causa a morte?! Não! A morte é a ausência eterna dos sentidos, logo, ela pode ter acontecido antes que percebam. O autocontrole pode não ser suficiente para evitá-la ou mesmo causá-la. Não é difícil pensar nisso.
Sabe o que é? Como eu disse, esses dias, ontem ou anteontem, morreu um cara que tinha ingerido dezenas de comprimidos; algum tempo atrás, outro se jogou na estação de metrô. Sobre o mais antigo, ouvi diversos discursos criticando a pessoa por "ter atrapalhado tantas pessoas a irem trabalhar"; sobre o atual, vi apenas uma nota oficial da universidade e um ou outro comentário. Não que empatia seja obrigação das pessoas, mas ódio gratuito com certeza não é.
domingo, 3 de julho de 2016
Esperar
Este é o curto poema da ansiedade.
Ultimo do dia, eu juro.
Não espere algo pouco controverso,
Atente-se nas entrelinhas,
Ouça o que vem da raiz de seus pensamentos!
Como você se preparou,
Ostentarei um pouco de magia!
Nada do que você já tenha ouvido falar:
Sinta o som turvo de algo confuso,
Imagine de onde ele vem,
Goze do meio e não do fim.
Obrigado.
Ultimo do dia, eu juro.
Não espere algo pouco controverso,
Atente-se nas entrelinhas,
Ouça o que vem da raiz de seus pensamentos!
Como você se preparou,
Ostentarei um pouco de magia!
Nada do que você já tenha ouvido falar:
Sinta o som turvo de algo confuso,
Imagine de onde ele vem,
Goze do meio e não do fim.
Obrigado.
terça-feira, 26 de abril de 2016
Sem zunzum, nem mel
Permita-me apresentar,
Ouve um pouco do meu choro;
Representa muito pra mim.
Queria que não fosse assim,
Uma vida abraçando o ouro,
Enquanto o que valia era o abraçar.
Faz parte errar,
O que não existe é isso:
Implicar o tempo todo.
Agora pra onde eu vou?
Sem um tustão no bolso,
Semestre quase na metade,
Isso sem contar as provas...
Meu Deus, acabou chorare!
Ouve um pouco do meu choro;
Representa muito pra mim.
Queria que não fosse assim,
Uma vida abraçando o ouro,
Enquanto o que valia era o abraçar.
Faz parte errar,
O que não existe é isso:
Implicar o tempo todo.
Agora pra onde eu vou?
Sem um tustão no bolso,
Semestre quase na metade,
Isso sem contar as provas...
Meu Deus, acabou chorare!
segunda-feira, 28 de março de 2016
Evoluções recentes
Tanto universo por aí e eu procurando uma rota no meu. Pode ser o meu excesso em tentar compreender a quântica - sim, ela mesma.
Depois de tantos anos, ora procurando motivos pra ser um cara comum e ora motivos pra ser o cara excepcional, acho que finalmente encontrei verdades universais. Tudo começa com uma reconfiguração das leis da minha cuca; é bem verdade que vivemos querendo evoluir, mas só evoluímos quando deixamos de impor barreiras para o novo.
As pessoas, todas elas, sempre foram motivação para esse tipo de busca: o que é o normal e o excepcional? E isso se torna obsessão quando há uma configuração social muito forte como a que vivo [e vivemos], baseada na competição. E não somente tais questões, essa cultura traz consigo bordões como "a grama do vizinho é sempre mais verde", etc.
Minha intenção não é expor os problemas da sociedade contemporânea capitalista, até porque, de certa forma, questões desse tipo parecem naturais e até corriqueiras desde que os pensadores começaram a pensar. Pausa. Entretanto, quando pensamos na intensificação da competição, esses levantamentos se acentuam, e se tornam perigosos para o indivíduo.
Agora sobre evoluir. Minha concepção de evolução é um pouco abrangente: a evolução contínua, que ocorre a cada segundo; a evolução discreta, que se dá após acontecimentos marcantes; e a mudança de paradigma, que chega a mudar a essência do ser e é uma mistura das duas anteriores.
Sim, todos os segundos, estamos evoluindo, mesmo que só lá no fundo, deixando um vício de lado por esquecimento; indo além de um pensamento que tivemos; respirando um ar com menos oxigênio e ficando com sono, a ponto de chegar à conclusão de que dormir pode atrapalhar a escrever um texto, etc. A evolução é a mudança e a mudança é constante.
Não obstante, evoluímos discretamente. Parece mais óbvio perceber que evoluímos assim, mas é necessário prestar muita atenção, pois estamos nos lidando com um caso que é uma simples mudança. Exemplificando, é como um "não" que acaba por afundar e fazer repensar em novos planos, algo que pode ser encarado como um desvio do caminho, mas que não muda o objetivo. A mudança pontual é uma evolução.
E a mudança de paradigma! Quando os professores explicam mudanças de paradigma sempre falam de Newton x Einstein, e é o exemplo mais tátil, porém menos lúcido. Afinal, quem sabe o que é relatividade, no duro? Paradigma é basicamente o conjunto de regras de uma realidade; quando surgem fenômenos numa realidade que deixam de ser explicados pelas regras dela, surge um novo conjunto de regras para explicá-los e ele é chamado paradigma. Existem diversos critérios para que haja uma mudança de paradigma, mas este texto não é uma aula de epistemologia, nem tem caráter acadêmico.
Em um dado momento da história, alguns fenômenos não puderam ser explicados pelo que diziam as ideias de Newton e somente as ideias de Einstein puderam explicá-los, e essas passaram a ser consideradas como as novas regras da realidade; o novo paradigma. Segundo alguns pensadores, um paradigma só é aceito se for falsificável. por isso dizem que o limite das ideias de Einstein é se nenhuma velocidade for superior à velocidade da luz. Enfim...
Para não estender mais: o que é a evolução caracterizada pela mudança de paradigma? Quando mudamos um conjunto de regras de nossa mente, é lógico que acabamos quebrando, reformando e erguendo novos pilares da nossa imaginação - é natural. Só que isso se dá de forma contínua ou de forma pontual? No começo, o mais óbvio é que essa mudança seja pontual: algum acontecimento marca nossa vida e mudamos por completo nossa forma de pensar. Sim, isso acontece e é justamente dessa forma que ocorre essa nossa evolução de forma discreta.
Agora, de forma simples, imaginemos um pensamento inofensivo que surge num momento qualquer. Do nada, ficamos entretidos com o pensamento e começamos a dar corda a ele. Depois de um certo tempo, esse pensamento passa a ficar extenso e refletir nossos conceitos de amor, moral, religião, sucesso, etc. Certo, então esse pensamento nos faz contestar e considerar erradas ou insuficientes quase todas ou todas nossas formas de pensar. Isso sugere uma reformulação e cá estamos numa mudança de paradigma, que aconteceu de forma contínua.
Quando falei na reformulação das leis da minha cuca, queria falar sobre uma mudança de paradigmas. Não foi marcada por um acontecimento, mas também não foi marcada pelo acaso; surgiu de um conjunto de acontecimentos e pensamentos sóbrios. Os últimos dias foram complicados, é verdade.
Sabe quando disse "pausa" ali em cima? Pois é, essa minha "nova" - porém quase despercebida - forma de pensar reflete nisso (e em tudo aquilo que comecei falando). Definitivamente, não sei quando os chamados pensadores começaram a pensar, sei que pessoas pensam. Pessoas pensam muito, pensam demais! Todo ser humano tem a habilidade, a capacidade, a astúcia de pensar, de achar ou procurar uma definição para amor, sucesso, felicidade.
Eu finalmente pude descobrir que todo ser humano, com ou sem estudo, tem uma ideia, original e intensa, do que é vida. Vivia dizendo isso, mas sem compreender que, sem sombra de dúvida, cada ser humano é um universo. E onde isso reflete?
Denis reflete!
Agora fica fácil responder. Sou excepcional? Todos somos. Todos somos? Então também sou comum.
Depois de tantos anos, ora procurando motivos pra ser um cara comum e ora motivos pra ser o cara excepcional, acho que finalmente encontrei verdades universais. Tudo começa com uma reconfiguração das leis da minha cuca; é bem verdade que vivemos querendo evoluir, mas só evoluímos quando deixamos de impor barreiras para o novo.
As pessoas, todas elas, sempre foram motivação para esse tipo de busca: o que é o normal e o excepcional? E isso se torna obsessão quando há uma configuração social muito forte como a que vivo [e vivemos], baseada na competição. E não somente tais questões, essa cultura traz consigo bordões como "a grama do vizinho é sempre mais verde", etc.
Minha intenção não é expor os problemas da sociedade contemporânea capitalista, até porque, de certa forma, questões desse tipo parecem naturais e até corriqueiras desde que os pensadores começaram a pensar. Pausa. Entretanto, quando pensamos na intensificação da competição, esses levantamentos se acentuam, e se tornam perigosos para o indivíduo.
Agora sobre evoluir. Minha concepção de evolução é um pouco abrangente: a evolução contínua, que ocorre a cada segundo; a evolução discreta, que se dá após acontecimentos marcantes; e a mudança de paradigma, que chega a mudar a essência do ser e é uma mistura das duas anteriores.
Sim, todos os segundos, estamos evoluindo, mesmo que só lá no fundo, deixando um vício de lado por esquecimento; indo além de um pensamento que tivemos; respirando um ar com menos oxigênio e ficando com sono, a ponto de chegar à conclusão de que dormir pode atrapalhar a escrever um texto, etc. A evolução é a mudança e a mudança é constante.
Não obstante, evoluímos discretamente. Parece mais óbvio perceber que evoluímos assim, mas é necessário prestar muita atenção, pois estamos nos lidando com um caso que é uma simples mudança. Exemplificando, é como um "não" que acaba por afundar e fazer repensar em novos planos, algo que pode ser encarado como um desvio do caminho, mas que não muda o objetivo. A mudança pontual é uma evolução.
E a mudança de paradigma! Quando os professores explicam mudanças de paradigma sempre falam de Newton x Einstein, e é o exemplo mais tátil, porém menos lúcido. Afinal, quem sabe o que é relatividade, no duro? Paradigma é basicamente o conjunto de regras de uma realidade; quando surgem fenômenos numa realidade que deixam de ser explicados pelas regras dela, surge um novo conjunto de regras para explicá-los e ele é chamado paradigma. Existem diversos critérios para que haja uma mudança de paradigma, mas este texto não é uma aula de epistemologia, nem tem caráter acadêmico.
Em um dado momento da história, alguns fenômenos não puderam ser explicados pelo que diziam as ideias de Newton e somente as ideias de Einstein puderam explicá-los, e essas passaram a ser consideradas como as novas regras da realidade; o novo paradigma. Segundo alguns pensadores, um paradigma só é aceito se for falsificável. por isso dizem que o limite das ideias de Einstein é se nenhuma velocidade for superior à velocidade da luz. Enfim...
Para não estender mais: o que é a evolução caracterizada pela mudança de paradigma? Quando mudamos um conjunto de regras de nossa mente, é lógico que acabamos quebrando, reformando e erguendo novos pilares da nossa imaginação - é natural. Só que isso se dá de forma contínua ou de forma pontual? No começo, o mais óbvio é que essa mudança seja pontual: algum acontecimento marca nossa vida e mudamos por completo nossa forma de pensar. Sim, isso acontece e é justamente dessa forma que ocorre essa nossa evolução de forma discreta.
Agora, de forma simples, imaginemos um pensamento inofensivo que surge num momento qualquer. Do nada, ficamos entretidos com o pensamento e começamos a dar corda a ele. Depois de um certo tempo, esse pensamento passa a ficar extenso e refletir nossos conceitos de amor, moral, religião, sucesso, etc. Certo, então esse pensamento nos faz contestar e considerar erradas ou insuficientes quase todas ou todas nossas formas de pensar. Isso sugere uma reformulação e cá estamos numa mudança de paradigma, que aconteceu de forma contínua.
Quando falei na reformulação das leis da minha cuca, queria falar sobre uma mudança de paradigmas. Não foi marcada por um acontecimento, mas também não foi marcada pelo acaso; surgiu de um conjunto de acontecimentos e pensamentos sóbrios. Os últimos dias foram complicados, é verdade.
Sabe quando disse "pausa" ali em cima? Pois é, essa minha "nova" - porém quase despercebida - forma de pensar reflete nisso (e em tudo aquilo que comecei falando). Definitivamente, não sei quando os chamados pensadores começaram a pensar, sei que pessoas pensam. Pessoas pensam muito, pensam demais! Todo ser humano tem a habilidade, a capacidade, a astúcia de pensar, de achar ou procurar uma definição para amor, sucesso, felicidade.
Eu finalmente pude descobrir que todo ser humano, com ou sem estudo, tem uma ideia, original e intensa, do que é vida. Vivia dizendo isso, mas sem compreender que, sem sombra de dúvida, cada ser humano é um universo. E onde isso reflete?
Denis reflete!
Agora fica fácil responder. Sou excepcional? Todos somos. Todos somos? Então também sou comum.
sábado, 27 de fevereiro de 2016
O conformismo rebelde
Tinha pensado numa introdução descontraída pra falar sobre esse meu repensar de forma mais realista sobre o mundo, mas não sei se daria muito certo. O cômico sempre pode ser trágico...
Eu ouvia bastante que muito estudo deixava as pessoas loucas. Ora, parece que aqueles que diziam isso trocavam causa por efeito. Acho que uma pessoa com problemas sociais tem várias opções para esquecer ou reparar esses problemas e, dentre tantas, os estudos. Sabe, não acredito que uma pessoa que se abra ao conhecimento ensinado por outros, mesmo que em livros, venha a se tornar fechada para os contatos sociais, como supõem as boas ou más línguas.
Digo isso porque em tempos difíceis como este, onde algumas escolhas de "construção de muros" são imprescindíveis, tenho encontrado uma válvula de escape nos livros. Não é uma projeção da própria solidão, está bem longe disso, mas nesse jogo de bilhar mata-mata que é a vida, tem horas que todas as suas bolas caem e é necessário cair a ficha pra recomeçar e ter a chance de vencer.
Certo, mas o que cair a ficha tem a ver com a loucura e os livros? É que a válvula de escape nos livros é efeito de algo parecido com loucura. E esse algo provavelmente é causado pelos muros que não tenho escolha de não construir. Aliás, escolha de não construí-los até tenho, mas é como respirar: você pode até parar de respirar conscientemente, mas uma hora acaba desmaiando e o processo é retomado. A ficha cai quando você percebe que é inútil prender a respiração até que desmaie.
Diariamente, ouço inúmeras pessoas falando sobre como o sistema é ruim e elas até têm um discurso convincente no começo, mas chega uma hora que é necessário perceber que o sistema é um meio e não um inimigo; você não pode confrontá-lo, embora possa transformá-lo. A melhor forma de fazer isso? Agir sobre as regras dele, desenvolver-se às custas dele e, por fim, mudá-lo. Muitos fizeram isso e mudaram; transformaram o sistema, mas de forma a favorecerem a si e não a um organismo coletivo. Alguns outros foram de frente contra o sistema, mas esses tinham os recursos que eu não tenho.
Sonhar é algo revolucionário, entende, sonhar faz bem! Sonhar faz bem, mas é necessário ter os pés no chão. Eu posso até sonhar em mudar o mundo, mas já percebi que não combina comigo ficar hasteando bandeiras, tenho que ter paciência, pra num dado momento, apontá-lo na direção de uma utopia e empurrá-lo com toda a força, sem esquecer que a utopia de hoje é a distopia de amanhã.
Acontece que cada pessoa é um universo e eu não sou diferente disso! Sabe qual o problema em fingir que sou aquilo que querem que eu finja que sou, só pra depois ter o poder de mudar uma estrutura (como o sistema)? É simples: isso é uma forma de me limitar. Agora imagine um universo limitado.
É, não dá pra fugir dos muros, mas eles enlouquecem!
Eu ouvia bastante que muito estudo deixava as pessoas loucas. Ora, parece que aqueles que diziam isso trocavam causa por efeito. Acho que uma pessoa com problemas sociais tem várias opções para esquecer ou reparar esses problemas e, dentre tantas, os estudos. Sabe, não acredito que uma pessoa que se abra ao conhecimento ensinado por outros, mesmo que em livros, venha a se tornar fechada para os contatos sociais, como supõem as boas ou más línguas.
Digo isso porque em tempos difíceis como este, onde algumas escolhas de "construção de muros" são imprescindíveis, tenho encontrado uma válvula de escape nos livros. Não é uma projeção da própria solidão, está bem longe disso, mas nesse jogo de bilhar mata-mata que é a vida, tem horas que todas as suas bolas caem e é necessário cair a ficha pra recomeçar e ter a chance de vencer.
Certo, mas o que cair a ficha tem a ver com a loucura e os livros? É que a válvula de escape nos livros é efeito de algo parecido com loucura. E esse algo provavelmente é causado pelos muros que não tenho escolha de não construir. Aliás, escolha de não construí-los até tenho, mas é como respirar: você pode até parar de respirar conscientemente, mas uma hora acaba desmaiando e o processo é retomado. A ficha cai quando você percebe que é inútil prender a respiração até que desmaie.
Diariamente, ouço inúmeras pessoas falando sobre como o sistema é ruim e elas até têm um discurso convincente no começo, mas chega uma hora que é necessário perceber que o sistema é um meio e não um inimigo; você não pode confrontá-lo, embora possa transformá-lo. A melhor forma de fazer isso? Agir sobre as regras dele, desenvolver-se às custas dele e, por fim, mudá-lo. Muitos fizeram isso e mudaram; transformaram o sistema, mas de forma a favorecerem a si e não a um organismo coletivo. Alguns outros foram de frente contra o sistema, mas esses tinham os recursos que eu não tenho.
Sonhar é algo revolucionário, entende, sonhar faz bem! Sonhar faz bem, mas é necessário ter os pés no chão. Eu posso até sonhar em mudar o mundo, mas já percebi que não combina comigo ficar hasteando bandeiras, tenho que ter paciência, pra num dado momento, apontá-lo na direção de uma utopia e empurrá-lo com toda a força, sem esquecer que a utopia de hoje é a distopia de amanhã.
Acontece que cada pessoa é um universo e eu não sou diferente disso! Sabe qual o problema em fingir que sou aquilo que querem que eu finja que sou, só pra depois ter o poder de mudar uma estrutura (como o sistema)? É simples: isso é uma forma de me limitar. Agora imagine um universo limitado.
É, não dá pra fugir dos muros, mas eles enlouquecem!
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