sábado, 15 de dezembro de 2012

Burocracia da crítica

Procurei, ah, se procurei o sentido da vida! Mas sendo bem sincero, não achei até então, e se talvez um dia eu descobrir, paro de viver; a graça vai acabar mesmo...

A graça é viver sobre planos de metas furados, sem objetivos. Esses papos de cumprir objetivos são uma velharia condicionada pela ala conservadora da sociedade, talvez não uma ala, a maior parte... Quem haverá de saber? Só sei que penso como penso porque sou eu que penso essas coisas, mas se não fosse, possivelmente nem acreditaria se me dissessem a respeito.

Não sou descrente nos meus ideais, entretanto onde estarão os meninos da praça, que sabem fazer espetáculos de pirofagia, mas não têm uma escola no curriculum? Onde estarão eles pra mostrar que o talento independe da burocracia? Onde estarão eles pra mostrar que é possível viver, mesmo sendo chutado pela sociedade, mesmo sendo difamado por expor sua arte, e ainda assim, sorrindo no fim do dia quando consegue o ganha-pão de quem acredita na arte, no amor, ou simplesmente na demagogia?

Complicado não é a vida, é o sentido que se guia ela. Sei lá, é provável que seja muita coisa ou seja nada. Não é taxando algo de complicado que se obtém de onde vem a complicação, porque assim, você pode achar que tanta coisa é fruto disso, que simplesmente vai sair dizendo que os sentimentos dos animais são complicados, só por meras coincidências. Não há fundamento, esse é o grande ponto a se discutir.

O que falta fundamento não tem lógica; não porque a lógica inexista como um todo, mas a lógica inexiste no que tangencia a discussão: como discutir sem ter um princípio que respeite o diálogo? É como se fosse simplesmente a união de dois monólogos intercalados; podem calhar de modo a falar sobre o mesmo assunto, mas não como regra. É justamente nisso que se destrói o princípio de respeitar o diálogo, só ficou uma certa possibilidade de bater os assuntos ditos, não a regra que haja dialética. E sim, esse é um condicionamento plausível: a dialética para com o diálogo, por mais pleonástico que soe.

Feitas todas as considerações, é melhor elevar as luzes no fim do túnel a um nível mais abstrato, modificar aquela forma elíptica, talvez circular que vive no fim inatingível e trazer formas psicodélicas, fractais, talvez lineares, mas que estejam perto. Vivenciar metas é melhor que deturpar-se nesse conceito de objetivo que tanto é berrado aos ouvidos, mastigado nos discursos, vivenciado em histórias desde crianças. Crianças essas que de tão inocentes e dispostas a aprender o que lhes for apresentado, são perfeitas para se submeter à alienação desde que às for concedido o exercício de raciocinar. Mas não, isso não entrará em pauta! Por quê?!

E como fazer a geometria de luzes do túnel ser acessível? Essa, creio eu, não é uma pergunta complicada: a grande ideia é justamente acabar com objetivos, dissociando-os, rompendo com todas suas bases concretas e instaurando metas que possam compensá-los. Vejo que metas podem ser alteradas com frequência e no máximo podem corroborar para que haja uma mudança no caminho, mas não no motivo de abrir os olhos, imaginar, raciocinar, etc. E isso não é o mesmo quando se trata de objetivos, pois há muitas responsabilidades inclusas, há muitas condições inclusas, há muitos problemas inclusos, sendo que só o que fica exclusa é a pluralidade de escolhas.

O problema, então, não é a segregação de valores, mas a submissão coletiva a valores numa frequência ininterrupta. Essa frequência força que hajam objetivos de vida, sendo que seu conteúdo impõe os tipos de objetivo, os estilos de vida, etc. Eis que vêm as indagações: tudo isso por que? Tudo isso para que? Por que tudo isso? São muitas dúvidas, mas ainda assim, hoje não tenho discernimento pra responder qualquer uma delas...

Um comentário:

  1. Ah...o porquê eu não posso te dizer...seria muito fácil...mas vou te deixar uma dica,já tinha falado dela,mas vcs tendem a olhar pro dedo que aponta e não pra lua apontada

    http://www.mortesubita.org/mindfuckmatica/contas/liber-0-a-abolicao-da-emancipacao


    Sangaku...é sangaku o nome...

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