Eu sempre disse que preferia ter me formado na escola onde cursei até os 13 anos, até ir para uma escola técnica, onde cursei o ensino médio e carrego lembranças dolorosas. Agora percebo tamanha estupidez no meu ponto. O problema não era onde eu estava, o problema era eu. Por tantos e tantos anos, me vitimizei por configuração social e acontecimentos inerentes a mim que não percebi o quanto justamente todo o furacão estava dentro de mim e isso não era motivo pra deixar ele me arrastar.
Fato é que eu tinha uma vida perfeita pra desenvolver problemas psicológicos e não me culpo por isso. Pra falar a verdade, hoje não me culpo mais por nada. Acho que entender a origem dos seus problemas, sobretudo a origem socioeconômico-familiar, é um momento crucial pra sua vida, pra se aceitar e permitir, mas nem de longe é marco pra carregar como norte. Como assim? A vida é cruel, sim, vivemos desilusões, vemos coisas melhores nas mãos de piores, vemos injustiças com nossa própria pessoa...
Só que, veja bem, é óbvio que vamos perceber sozinhos as injustiças que sofremos! Se não prestar atenção na minha própria vida, vou prestar em qual? Claro que isso não significa engolir calado o que há de errado, é mais uma forma de ver que, ok, a vida vai me deixar pra baixo, mas preciso da minha revolta também, da minha sede, da minha vontade de vencer, não da minha ansiedade, da minha indiferença, da minha desistência.
Nunca terei força pra mudar o mundo se minha única atitude for dizer que o mundo precisa ser mudado. Eu preciso agir, preciso andar, engajar, chamar, gritar, correr! A partir do momento que tenho a consciência social da minha própria vida, eu tenho o poder de deixar de ser vítima e lutar contra o sistema, porque o sistema nos quer mudos, cegos, estáticos, inoperantes, e eu passo a saber que é isso o que não vou ser.
Não é o velho papo coach de seja o que quer ser, é o "perceba o que gera a sua dor, mas faça que isso te deixe mais forte pra acabar com o que a gera". E isso às vezes demora. Às vezes demora muito. Demora tempo suficiente pra agonizar com o sentimento de incapacidade e medo, mas passa. Passa e você percebe como é injusto se deixar levar como vítima enquanto você tem conhecimento e vontade pra derrubar o opressor. E é assim como eu me sinto.
Não é o velho papo coach de seja o que quer ser, é o "perceba o que gera a sua dor, mas faça que isso te deixe mais forte pra acabar com o que a gera". E isso às vezes demora. Às vezes demora muito. Demora tempo suficiente pra agonizar com o sentimento de incapacidade e medo, mas passa. Passa e você percebe como é injusto se deixar levar como vítima enquanto você tem conhecimento e vontade pra derrubar o opressor. E é assim como eu me sinto.
Me sinto renovado por tanto pensar que me privei de correr atrás de mim por aceitar que as coisas não eram pra mim. E não é "eu poderia ser muito mais do que sou", mas "eu posso ser muito mais do que sou". O 'poderia' é futuro do pretérito, que não é um tempo verbal que vale a pena para orientar a vida. A vida funciona melhor no presente. E cada lição sobre o passado é uma margem para o futuro. A vida não é conexa, linear, enfim, não existe "manual das pessoas". E sobre isso eu mesmo me falava lá atrás.
Agora? Agora tenho um gás diferente, contente por poder aproveitar da melhor forma o pior momento: a quarentena. Que venham avanços.
Agora? Agora tenho um gás diferente, contente por poder aproveitar da melhor forma o pior momento: a quarentena. Que venham avanços.