Às vezes, tenho vergonha
E vergonha da vergonha
E vergonha da vergonha da vergonha.
Pelo que li, é uma ansiedade social.
São problemas minúsculos
Que gostaria de me abrir
E vou me abrindo, abrindo, abrindo...
Até perceber que ainda estou fechado.
Tem horas que arranco os cabelos,
Tem horas que choro.
É uma condição de não-sei-porque.
A vida adulta é onde vão surgindo todos aqueles problemas psicológicos que talvez a adolescência tenha encoberto com álcool e tabaco.
Você se questiona socialmente
Até compreender o seu lugar.
Você se questiona antropologicamente
Até compreender sua identidade cultural.
Você se questiona existencialmente,
Mas isso você não compreende.
Você carrega traumas e boas vivências,
Tem uma vida (pra muitos) perfeita,
Que coleciona diversos "e se eu tivesse...?" na surdina.
Aquele "e se eu tivesse...?".
O que você não tem é sossego mental,
Não tem família,
Tem uma ou duas amizades,
Em meio a inúmeras 'amizades'...
Você tem uma fábrica pra enlouquecer:
Sua vida é perfeita, você não pode reclamar,
Mas sua vida é solitária e você não tem com quem falar
E no embuste que é seu convívio virtual, você só quer se expressar.
Aí você olha pra casa daquelas pessoas
- Papai, mamãe, irmãs ou irmãos.
Que inveja, que inveja.
Chega sua vez de reclamar,
Dizem "Para com isso".
Não paro.
"Você é só um cuzão da vida perfeita."