sábado, 26 de novembro de 2016

Prosa de sábado

Eu só queria que meu conhecimento matemático fizesse isomorfismo com meu conhecimento de relações interpessoais; sou péssimo. Vários poemas que eu deixo passar, várias histórias de poemas que eu deixo passar, tudo isso justificado sob o manto da verdade, da lógica e da timidez camuflada.

É, ela era sensacional, gostava de mim, gostava; continua sendo sensacional, se cabe aqui dizer.

Não acredito que, caso viva até lá, não faça grandes contribuições, conheço bem o meu potencial... para assuntos que pouco dizem sobre o cotidiano. Acredito que serei um grande matemático, acredito sim. E o que têm me dito sobre a teoria unicamente pela teoria? Têm me dito o quanto é inútil - eu estou trilhando um caminho para ser mais um inútil.

Gostaria que a sociedade não fosse tão utilitarista assim, que a lógica e a verdade fossem levadas em consideração pelo simples fato de 'serem'. A sociedade não é assim. Não posso dizer o quanto gosto de álgebra se não disser que gosto dos operadores usados na mecânica quântica ou de análise se não disser que as equações diferenciais que gosto são usadas em dinâmica de populações.

Então, diferente de tantos daqueles meus textos recheados de narcisismo, chego à conclusão de que sou só mais um fruto da incoerência: alguém que acha que todos devem contribuir para engrandecer a sociedade, mas quer estudar coisas inúteis. Não, é óbvio que sei que a matemática não é inútil, mas de tão ser humano que sou, passo a contestar a própria essência do meu ser: por que gosto daquilo que em nada contribui com o cotidiano?

Com uma dose de sinceridade, bem, isso que disse é a menor parte do meu carma. Existe uma parte maior, um maior elemento, e tem nome... é uma mistura de carência, maturidade e cinismo. É sim!