terça-feira, 19 de agosto de 2014

Não quero ser como Nietzsche

Ando chato, 
Como uma fase da vida 
E até como amigo.

Não quero nem rimar,
Porque eu estou cansado
De tanta chatice.

É o ócio mais vertiginoso possível,
Entre um café e um cigarro
Ou, até mesmo,
Entre o último cigarro e o próximo café.

Queria tanta compaixão
De quem pode oferecer,
De quem não vai oferecer
E de quem eu deveria fazer por onde...
Mas só sei ser chato.

Pode até ser que eu tenha culpa no cartório,
Mas tem tantos anos que não visito um,
Que isso poderia ter sido uma piada se não fosse tão...
Chato.

Eu admito que escrever é libertador,
Mas estou como numa doença sem margem de cura.
Acho que a cura é justamente me encontrar...
Que saco! 

Só vou me encontrar quando conseguir respirar
E só vou conseguir respirar 
Quando estiver em equilíbrio com os outros.
Não é paz,
Essa só vem quando a vida acaba.
É só uma questão de conectividade
COM O MUNDO!

Estou a dois passos de uma overdose
Causada pela abstinência das emoções
Que eu tanto sonhei em ter.

Quem sabe, eu conseguiria transmitir segurança,
Ser apenas um ser humano comum
Que consegue aceitar os desafios da vida,
Sem o dissabor de me sentir um ser humano comum.

É pena que isso tudo me irrita
E tanta irritação causa essa maldita chatice
Que eu emito e recebo,
Sem poder conseguir dar um passo à frente.

Acho que um surto de bipolaridade me afetou,
Talvez já tenha estado me afetando,
É que em meio a essas palavras,
Me senti em mais um ócio
E escrever não está parecendo tão libertador.

Parece que estou numa jaula,
Querendo dizer verdades,
Mas sem um pingo de vontade de aturar as consequências.
Sou refém de mim mesmo nessa agonia,
Mas ainda faz sentido dizer que estou chato e que vou permanecer assim.

Não faz sentido é tanta gente comigo,
Me aturando nos mais belos (e falsos) sorrisos,
Enquanto eu estou distante de uma meia dúzia de pessoas
Que são de fato o ar que me falta.