domingo, 22 de junho de 2014

Velho sentido (velho ar)

Eu queria estar apaixonado, assim como queria não estar. O amor é um pouco implacável, um pouco gentil, um pouco febril - uma doença que interrompe todos os sentidos e os, também sentidos, pensamentos, sem deixar de lado o conforto da ilusão de mundo pequeno. É estúpido estar submerso numa bolha, sem nem poder saber o quão grande pode ser fora dela. Mas não é tão estúpido assim, se for pensar nas ciências...

O amor - aquele sentimento infantil dos 15 anos - já me destruiu quando quis apenas estudar, descobrir um mundo sobre a ponta do grafite, o livro aberto e o pdf (sendo moderninho, sem demasia). Pensando bem, isso parece bem óbvio: é o adverso à bolha. De óbvio a desnecessário, hoje estou sem muito preparo mental para o ensino superior. Pois é, declarar isso neste ponto, que se supõe ter cumprido cerca de metade do curso, é degradante. Degradante é um adjetivo interessante, porque a própria palavra é degradante.

Retomando o contexto, não sei se por causa de um amor, de dois, de uma falta de preparo, dedicação ou pré-disposição social a esse estado de auto-reclusão, enfim, não sei o motivo, sei que me encontro distante e disperso de qualquer lugar que eu quis chegar outrora. Não falo só do ensino superior, daquele amor, do outro, do meio profissional ou da bebida que me alivia, tem muito mais coisa que está nessa conclusão: o meu mundo parece conjunto vazio no universo de todas as pessoas.

Nenhum axioma, teorema, taxa ou imagem parece fazer sentido; a mente se diz encorpada, o corpo se diz desnorteado; fé e filosofia se encontram, religião e posição filosófica se distraem. Onde eu deixei o maldito compreender? Talvez numa caixa de amizades. Mas de que adianta tanto zelo e tanta discrição, se perco tudo isso a cada novo bar que encontro? Não sei mesmo, deve ser aí que reside a confusão e não em Deus, que já duvidei, desconfiei e desafiei tanto, do qual era o único pedaço do pensar que eu pensava que traria meu sossego. Mas isso - essa fonte do sossego - eu acredito que está nos que deixam a fé ser a força motriz do corpo, o que, pra mim, é uma falta de diversidade e é o pecado maior, mas o meu respeito é independente e dele sou dependente, por questão de sobrevivência mental. Minha briga já foi com a religião, mas ela me explica e eu não a explico. Perco feio.

Hoje a derrota não é um incômodo, mas a briga não faz sentido. Tento por culpa num lugar, mas às vezes, o lugar não existe, assim como a pessoa, o pensamento e o sentimento. É claro que a ironia faz parte da vida e viver é um tanto irônico, mas se não souber separar, ao menos nos casos mais gritantes, onde terá ficado o sentido que se quis tanto? Eu falo por meio de hipérboles, mas todas elas são verdades, em essência.

Esse texto é pra vocês.