sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Caos sentimental

Olhei ao meu semelhante, como um pretexto para não me sentir só. Deu certo.

Parece que ser sentimental não é algo que separa uns de outros; no fundo, deve ser um número quase nulo de pessoas que não têm essa característica. A princípio, essa ideia já leva a uma outra: onde, então, se esconde tanto sentimento assim no dia-a-dia? Mas esta não é a pergunta certa, já que como bem me lembro, nem mesmo eu sou sentimental assim no cotidiano. Aliás, é raro que alguém não seja sentimental, entretanto é mais raro ainda o sentimento ser exposto.

Como agora falo de sentimentos, não posso deixar de lado o ódio. Este sim é exposto, consideravelmente exposto! E para que, por que? Parece que fazer o mal é mais válido que fazer um gesto de carinho e esta situação é daquelas que só fazem perder a fé na humanidade.

O carinho se tornou algo careta: amigos não podem demonstrar carinho uns pelos outros, que já parece um apelo para um outro tipo de relacionamento; pessoas que "ficam" - porque esse é o termo que melhor descreve nos dias de hoje tal tipo de relacionamento - não podem demonstrar carinho uma pela outra, que já parece que é algo a mais. Como o carinho pode ser tão raro? Será que só palavras bonitas e orgasmos são o que conta para a felicidade?! Foda-se Freud!

Parece paradoxal ou masoquista, já que sempre penso (muito) antes de falar, mas me dói ter de pensar para falar. Não gosto que usem minhas palavras contra mim, só que cada vez mais parece que é necessário reverter esse meu gosto. Ninguém mais fala ou quer falar a ponto do outro se sentir confortável, só quando esse comportamento é necessário, o que já faz pensar que a gentileza também está em falta (e está). Sei que é hipocrisia apontar para o outro, sendo que também cometo um erro. Acontece que, no caso, ninguém está correto, e eu estou apontando para os nossos erros.

Aí vejo à minha volta, tudo em perfeita simetria. Bem, ultimamente descobri que nem sempre a simetria é algo que carrega consigo o "normal." A suposta grande explosão térmica que gerou o universo e sua expansão são resultado de um estado simétrico (HAWKING, Stephen. Uma breve história do tempo: do Big Bang aos Buracos Negros. 13a ed. p 180). Logo, toda essa simetria da indiferença pode ser um lapso da humanidade e, também, pode projetar uma grande onda de indiferença, o que só pioraria este pobre estado que estamos vivendo.

Vamos sentir! Vamos viver mais intensamente! Vamos amar! Assim como eu carrego a ideologia de que quem melhor pode fazer isso é a burguesia, eu também trago uma flor de esperança, que tem péssimas condições para se desenvolver, mas que ainda pode desabrochar e a periferia também pode vencer. É claro que esta pode ter parecido uma completa inversão do texto para os mais desavisados, mas eu vejo que o meio físico do autor sempre deve ser considerado e, como sou eu que escrevo, nada mais justo que figurar minha ideologia neste espaço.

A humanidade sofre de inúmeros problemas, mas como resolvê-los se apenas nos encarregamos de buscar mais problemas? E se a cura da maior parte deles for acabar com a indiferença? E se a cura for maximizar o carinho? E se a cura da indiferença for incendiar a discrepância entre a burguesia e a periferia? Será mesmo que nunca saberemos?

E ainda não é março...

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Me ganhou e a perdi - retrato do presente em um mês de férias qualquer

Diferente de outrem, não gosto de me expor conforme o meu passado; acredito que somente presente e futuro são discutíveis, o passado não volta - a menos que se assista Donnie Darko - e também não tem conclusão. Antes que eu possa prosseguir com meus raciocínios e/ou relatos sentimentais, passado é experiência e relato, sendo que ambos são passiveis do ponto de vista. Logo, a questão do passado não é seu caráter histórico, mas sim historiográfico. Assim, temos que o passado é imutável, mas a concepção dele é mutável, o que só reforça a ideia de não me expor confiando em meu passado. Mas ele existe...

Agora, gostaria de expor minhas queixas do presente. Gostaria, inclusive, de deixar claro que a minha intenção jamais será a de deixar claro. Ora, sendo eu um jovem que se consome na velhice, que é a juventude e os seus saberes, estou apenas apto a direcionar pouco mais precisamente o sentido da subjetividade de qualquer tipo de relação. Então, de forma nada pragmática, ao menos serei metódico.

Quanto às relações acadêmicas, estou bem. Estou bem porque não faço ideia de quão ruim é estar como estou e de quão ruim pode ficar de alguma forma que eu possa estar. Já que sou otimista, daqueles que preferem ver o copo meio cheio a ver o copo meio vazio, estou apenas me posicionando favorável à desilusão. E assim faço por me imaginar achando o oposto, o que só traria más consequências. Quanto aos fatos, não tive mais reprovações, nem notas boas, o que ainda me deixa em posição desfavorável.

Quanto às relações profissionais, estou vivo. E o mais importante de tudo, é que estou feliz. Sem mais mentiras.

Quanto às relações pessoais, bem, temos um problema. Esse campo é muito vasto, muito mesmo. Poderia até dividir ele em 3 partes: amigos, família e demais. Mas dessa forma, eu estaria me enganando, já que todos têm uma certa similaridade. Já vi o que eu chamava de amigas passando para a parte 'demais', como ultimamente tenho visto pessoas do 'demais' passando para a parte 'amigos'. E do grupo 'família', eu prefiro me abster pra não falar o que não devo.

Seria muito abusado da minha parte falar sobre cada parte das relações pessoais, mas posso ser sucinto, o que já eufemiza um "eu abusado." Nós amigos, temos, a maioria, concordado que é tempo de mudança e devemos nos focar neste tempo para não cair (mais uma vez) no conforto. Nós, família, estamos dispersos e isso sem previsão de conserto. Há mais um ponto e, antes de o dizer, (meus) versos:
Pode me pisar, mas pise fundo.
Pode me cuspir, mas cuspa com vontade.
Pode me agredir, mas agrida com força.
Atenha-se, pois a mim não é recomendado o apego!
Atenha-se, pois a mim não é recomendado o carinho!
Atenha-se! Sou sentimental e extremamente falho.
Bem, encerro por aqui, dando minha opinião sobre os 'demais' das minhas relações pessoais no presente: ilusões e desilusões.