terça-feira, 8 de outubro de 2013

Quando eu era mais novo,...

...Era tão bom! Não procurava essa racionalidade toda que procuro hoje e, mesmo assim, conseguia ter uma mente tão adorável; ficava apenas me conciliando com dúvidas efêmeras, daquelas que se tem quando se olha pro céu, ao cair da noite. E sim, sempre tive esse vício de olhar para a Lua e as estrelas.

...Era um jovem que gostava de beijar o rosto de todas as pessoas que amava - um gesto inocente, sem dúvida, mas que fazia muita diferença; diferença que faz o hoje cruel. Tenho dúvidas se posso voltar a ter essa inocência e também tenho dúvidas se poderia um dia calar esses gritos de nostalgia, por mais que eu ainda seja tão novo.

...Era um rapazinho romântico. Gostava muito de presentear minhas professoras com as figuras criativas que eu cortava e colava e dobrava e desenhava - me chamavam de puxa saco por isso, e talvez até fosse, mas sempre gostei daqueles que iluminam as trevas do conhecimento. E sim, isso é romântico! Tão quanto as mil juras (verdadeiras) de amor que fiz a umas menininhas e a uma outra - hoje mulherão - que, há algum tempo, tenho escrito sobre e sempre a me queixar. Mas esse não é o assunto deste texto, pode ter certeza.

Este texto fala sobre o que me consome, mas na sua forma mais pura: uma nostalgia que independe de outrem; é justamente sobre mim, egocêntrico que sou. Também sei que sempre estou a falar da nostalgia, mas é que dessa vez..

...Era o cultivador de sementes da paz, verdadeiro apaixonado pela pomba branca. Hoje sou tão indiscreto, semeador de sentimentos ruins e sempre com a maldita desculpa de que busco a transcendência. Transcendência? Estou sempre falando nela, mas nunca vivendo-a, nunca explorando-a. Quão longe é possível ir com uma mentira que fere somente a quem a pronuncia? Está me implodindo, droga.

Ah, dessa vez... tudo tão raro e claro! Está me doendo o coração porque os clichês fazem mais sentido que aqueles nonsenses, que são verdades escondidas por frases toscas. Clichês.. de amizade, amor, família, saudade.. de tudo. E não quero mais me sujeitar a esperar que alguém perceba e me ajude, porque machuca demais; ninguém tem culpa de que alguém está mal por si só - às vezes, até tem, mas pra que esperar?

...Era um aluno excelente, só tirava 10, literalmente. Meu boletim era "bonito", eu me sentia feliz sendo apenas uma pessoa que conseguia superar barreiras impostas, seguindo o caminho pré-desenhado que me era encomendado. Mas sem pensar nisso, claro; eu não me sentia um robô, justamente a forma como via os demais. E por que? Porquê.

Esperar pelos demais é uma crueldade sem tamanho. Primeiro, porque quem a pratica é você mesmo; segundo, porque não se tem controle; terceiro, porque lhe faz pensar em mais coisas (coisas tristes); enésimo, porque são coisas tristes.

...Era membro de uma família feliz. E só disse isso por reflexão. Acho-a necessária (a reflexão), mas não acho que falar a respeito me faria bem, porque sei de mil e uma coisas, mas nenhuma delas é confortável.

A minha espera de hoje? Falta pouco pra descobrir, estou chegando lá.