segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Ascensão tecnológica

Pra que tanta tecnologia repetida? Já foi uma tristeza migrar do Orkut pro Facebook, fico pensando nas remigrações pra essas novas tecnologias (Instagram, Whats App, WeChat, etc). Qual a lógica disso tudo? Será que é o rejuvenescimento constante do capitalismo, a defasagem cultural que a sociedade moderna sofre ou simplesmente ambos?

Não é possível! Quando fico no meu portão sentado, conversando com algum amigo e observando o movimento, geralmente no período vespertino/noturno, percebo uma coisa, que também contribuo - pra não aliviar minha culpa: a cultura regional, que é criada por um grupo de pessoas, obviamente, está em fase de extinção. Só vejo os mais velhos indo na casa dos outros, às vezes conhecendo gente nova (mesmo sem segundas intenções) nesses eventos fortuitos.

As novas gerações aparentemente não têm mais aquele gosto do acaso natural: está tudo virando digital, mesmo aqui ou em outras regiões periféricas. A tecnologia está roubando a parte mais humana que nos é agraciada, que é o acaso das sensações. Agora tudo é achado com alguns toques e poucos caracteres, e não que o acesso à informação seja algo ruim, mas a forma como ele está sendo explorado é deplorável: não temos mais contato biológico, só físico - por meio de alguns trilhões de transístores e fibras ópticas.

Estamos cercados por aquilo que queremos cercar, mas nunca aquilo que temos em volta está bom - o verdadeiro paradoxo da sociedade moderna; "moderna". Então para ocupar nossa falta de informação, somos dopados para ficarmos 24 horas por dia numa rede, social ou não, que não nos impede de buscar nossas metas, mas também não permite. A coisa começa a complicar quando se pensa nisso, mas sobre isso estou muito mais incerto que sobre aquilo que pensei primeiro.

Sabe quando falei sobre a cultura regional? Pois é, hoje parece haver uma unificação de cultura - uma verdadeira produção industrial de série. Só que nela não se permitem falhas: as discrepâncias estão oscilando num intervalo pré-definido. Aquele que não respeitar o intervalo e acabar falando de ideologias que não estão na ementa, será punido; aquele que não puder estar no contexto social também será punido; e, por último, aquele que não souber se posicionar no contexto econômico será punido, como os demais.

Em suma, a questão cultural, do qual me refiro, diz respeito à internacionalização da cultura. Em inglês, francês, português ou qualquer outra língua, a nova geração está seguindo um padrão muito similar, que constitui justamente essa produção industrial de série. Nota-se que a comunicação, cultura mainstream, cultura underground, posição revolucionária, entre outros aspectos, estão bem definidos e aqueles que os escapam são massacrados pelos servos da unificação, que já são a grande maioria. Portanto, fica só mais uma inquietação minha sobre isso tudo: será que a sociedade está progredindo de forma cada vez mais próxima àquilo retratado radicalmente em 1984, de George Orwell?

Não tenho essa resposta, mas confesso que estou decepcionado com a forma do qual estamos vivendo - as gerações diretamente póstumas ao surgimento e propagação da internet - exatamente por isso. Que sempre haverá uma contra-vertente, eu não duvido. O problema é só haver a vertente e sua contra-vertente, nada mais, e nós, aqui, nos equilibrando por entre duas linhas bambas, que são essas correntes - vertente e contra-vertente, de forma que elas vão alternando, assim como Orwell disse em algum momento, em sua obra. E o pior de tudo: sendo gerenciadas por quem detém o controle dessas novas tecnologias.