domingo, 30 de junho de 2013

Sobre o que é desagradável

É sobre luta.

Sobre as crianças que estão nas ruas, dependentes químicas ou não, que correram alguns dias e outros dias, dos quais não sou alguém para poder julgar.

Que venha a música, sem ritmo, melodia ou harmonia, pois ela soa na mente pra aliviar a dor e o cansaço, pois ela arde na pele pra comemorar mais um dia de vida, pois ela dói tanto ou mais que os fatos, pois ela é a consciência de um reflexo que é inerente à vontade. À vontade, nem no pensamento, nem na inocência, nem na caminhada só.

É muito fácil condenar aquele que pratica o mal, pois o mal não se aprende, o mal se é ensinado. É também fácil multiplicar a dor, pois quem já pisou em caco de vidro não sabe o que é andar de sapato; e sapato incomoda demais no pé, muito mais na vitrine, muito mais na altura dos olhos, muito mais quando falta sensibilidade.

Mas uma hora se ouve a dor de um parto, ouve-se a dor do irmão - irmão que não é de sangue, nem de ideias, apenas de caminhada; ouve-se até aquela que emite som, quando na pele fica marca. Quando a marca é só passageira, eles dizem que não doeu, mas até que doeu muito mais, num lugar onde só quem a suportou pode sentir.

Sinto que condenarão aquele que os maldisser, já que são heróis do povo - o povo que só vi aclamado em tempos de setembro a outubro, a cada 2 anos. Mas a pena, também injusta, de quem luta do outro lado não é nem a menor parte da pena injusta de quem só fez por merecer - merecer amor, atenção, paz, caridade - e recebeu apenas o incentivo do erro; do "erro"...

E eu queria escrever para ouvirem o que deveria ser lido, mas dói muito saber que não há voz para quem não fala e, portanto, essas palavras são só volume para o depósito de vento. A humanidade está de luto desde que nasceu.