Não há muitas coisas na vida a se lutar, tudo é muito fugaz. Ao mesmo tempo que tudo é tão efêmero assim, o horizonte se abre de uma forma estupenda: o futuro se desvirtua daquele projeto que era só seguir em frente pra conseguir o pote de ouro, e a pluralidade de escolhas fica estampada na sua frente quando abre a porta pra seguir o caminho do dia.
Sim, as escolhas! Foi no jardim de infância, quando o lápis daquela criança que você nunca tinha conversado caiu do outro lado e havia as opções de devolver, dizer que caiu, ignorar o fato ou pegar para si. Lembra o que você fez? Eu, sinceramente, já não lembro mais, mas como me conheço tão bem, acho que devolvi ao dono. Não que eu queira ser o herói das minhas palavras, até porque já fui muito vilão, todavia o caso aqui é outro: como as escolhas repercutem tanto na vida. Eu posso ter os incontáveis defeitos, somados a um coração de pedra e jeito extremamente sentimental - o verdadeiro complexado - e ainda assim, tenho uma consciência e um modo em que procuro satisfazer a essência do bem-estar como um ser social.
Talvez seja um erro me aprofundar nisso novamente, tenho sempre péssimas experiências quando procuro achar sentido naquilo que nunca fez, nem fará - a vida. Uns têm prazer pelo ócio, outros pelo trabalho batalhado, outros pelo roubo, de modo que sempre haverá alguém para quebrar regras impostas. Ou seja, o tão esperado manual da vida já se perdeu em alguma história no passado e deixou de valer quando o ser aprendeu a pensar.
Mas há uma regra que provavelmente nunca deixará de ser regra, pois assim como observo, enquanto existe o 'um', há o 'outro' que se difere em pelo menos um aspecto desse primeiro. E nessa roda de adversão, não há ponto fixo que mantenha todas as pessoas unidas, mas há pontos que mantêm alguns e pontos que mantêm outros. E ora, o que vejo: aquilo que une todas as pessoas é justamente todas elas. A relação que cria a sociedade é a própria sociedade. Como diria José Ortega, convivência e sociedade são equivalentes, e vendo dessa forma, a convivência de todas as pessoas do mundo se recria a todo tempo. É complicado pensar assim, até porque começariam a vir perguntas sobre como começou a convivência. Bom, vou me abster disso, pois decidi que só começarei a pensar sobre o começo das coisas, quando novas coisas começarem.
Que fique assim por um bom tempo; quando o assunto é sociedade, a fala pende muito à falácia, ao menos no meu caso - um leigo que gosta de ir onde não esteve. O problema é que pensar em como agir recai sempre nesse pensamento sociológico: o indivíduo é único mas não vive só. Aí, toda forma de conduta que se possa tomar, vai ter um reflexo em mais de uma vida, o que restringe muitas escolhas, por serem agradáveis ao que as faz e desagradáveis ao que as sofre.
Seja então um conjunto de escolhas que não soem como depreciativas ao outro, qual delas será a melhor para se ter? Sim, essa dúvida que me consome, só pra não dizer que esse texto em algum momento deixou de ser pessoal.
De verdade, não sei para qual lado estará o pote de ouro, nem sei se quero um pote de ouro. Ultimamente o que mais quero é que o tempo corra um pouco mais rápido do que tem corrido e eu esteja lá na frente pra conseguir realizar aqueles sonhos juvenis que tanto consomem minha mente, momentos antes de dormir. Mas não vou dizer quais são os sonhos, é desnecessário. São juvenis e são meus, não que sejam segredos, mas são desejos que eu deposito minha esperança, o que acaba com a possibilidade de serem vagos para deixar assim em simples palavras... vagas.
Coração! Essa é a palavra que posso dizer, também que devo dizer; mas pra não dizer tanto e ela acabar ficando vaga assim como o contexto, deixo-a apenas em evidência. E, é claro, que a perspicácia determine o que minha fala diz e o que o meu dito fala em todo esse tempo de conversa escrita e monologada.