domingo, 10 de fevereiro de 2013

Eu não tive culpa

Há quem diga que isso é fácil, mas a quem é fácil? Aos mentirosos? Não creio que exista facilidade nessa condição; cada pétala que cai no chão tem um reflexo e, caso a reflexão seja um comentário, quem ouvirá esse meu comentário?

Um sábio, há algum tempo, contestou, "já não há mais culpado nem inocente, cada pessoa ou coisa é diferente; já que assim, baseado em que, você pune quem não é você?" e mesmo assim insiste-se em citar orgulho e mais orgulho, que eu não faço ideia de onde surge. É o brilho no olhar de quem aguarda o grande dia de sua vida: casamento, cerimônia de premiação, descoberta importante, conclusão de tese, etc. Ao passo de que esse é só mais um dia... de feitos importantes e alegrias memoráveis até o ultimo dia de sua vida. Ainda assim, só mais um dia.

Onde paramos quando choveu pouco mais que o normal, abriu Sol decadente, chorou cachorro triste e vizinhos não escutavam gritos agressivos? Sei que estávamos em alguma refeição, foi doloroso. Mas preste atenção no seguinte, pois estou tão tenso para mandar uma verdade, que parece mais que isso tudo não passa de armação só pra pregar uma armadilha naquele leitor desatento; então saiba que isso é figuração linguística das mais precisas, e o meu grande pesar é que todos se divirtam na confusão, que não passa de um mistério inexistente.

Sem extrapolar, nunca se deve extrapolar!

A cantoria logo começa. Não vai ter sentido, graça ou sujeito pra tudo isso, mesmo. Mas o som vai rolar, muito som! Ninguém reclama quando tem muito som em cantoria, como música de acampamentos e tal. Daí, começa essa inversão do silêncio e uma narração brota no meio do pronunciamento rítmico - estamos falando da minha história e o orgulho se prontifica logo no começo, aí o constrangimento entorna minha expressão facial, depois o sorriso desqualificado enumera os picos de constrangimento, então o meu rosto desventura a sensação do luau e vermelho passa a ser o nome do meu ultimo piscar de olhos. Nada se resolveu, muito pelo contrário, o fogo ardente no peito só revelou que não há mistério nisso tudo, muito menos solução.

Ainda que tudo aconteça, esteja - e quem sabe, seja - assim, melhor não cutucar a ferida. Me disseram que lá fora é carnaval, mas só estou vendo chuva e vendaval. Ela tem essa capacidade (a chuva) de chamar a nostalgia, o desespero racional, a tristeza; o abalo de emoções em geral. Ainda que seja assim, tudo está feliz, todavia eu - ao menos sou a única pessoa do qual posso afirmar com convicção - não estou. E por quê?

Risadas incessantes acompanham a ultima pergunta e respostas, sejam rápidas ou demoradas, de qualquer forma, não aparecem. Não vou ligar, não vou ligar! Diz-se que estou numa data feliz, então vou procurar a antítese de mim mesmo nesse 'campo de pensamentos', que é a minha cabeça, e vou desmistificar a magia do feriado. Mas, como um ultimo adendo, o farei vivendo-o.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Porta sem chave

Não tenho dias,
Nem caras,
Nem flores,
Nem cores,
Nem dores,
Amores
De uma vida sem sal.

Perdi o riso
Conciso,
Intenso;
Estou tão tenso
Com essa tarde de quarta que vai surgir.

Então pergunto:
Pretérito,
Onde foi que eu errei?
Sabia que seria assim,
Então continuei.

Na amargura do jardim,
Vi uma rosa transviada,
Meio laranja, champanhe;
Foi ela que me entregou.

E agora vejo o presente,
Conjugado,
Como se fosse verbo,
Neologismo,
Mas isso é particípio.

Meu peito reclama,
Com ardor,
Com a chama
Tranquila,
Aquela que nos mantem vivos.

Eu diria que isso é culpa
De uma preguiça mal pensada,
Uma alegria escancarada,
Que deixou de fazer sentido.

E é assim que minha vida tem fluído.