Que dia é hoje? Faz diferença se eu perguntar ou responder? Há muita obrigação para o ser social pra poder pensar naquilo que é vital; a saúde sempre pode esperar.
Não é a mesma coisa se hoje for segunda, mas acredito que seja quinta. Sabe por que? Porque tenho certeza que é novembro, tenho certeza que estou com 20, tenho certeza que choveu há 1 ou 2 horas atrás. Alguém vai perguntar o sentido disso que acabei de dizer, mas não precisa fazer sentido, já que na outra estrofe tudo se resolve.
Nossas convicções são tão fortes, que qualquer dúvida relacionada a elas passa como uma pancada efêmera na nossa mente. Aí, os tombos são fortes: aquelas dúvidas se tornam grandes empecilhos e aquelas convicções se tornam grandes ilusões; quase tudo muda. O que não muda? O que não muda.
O conhecimento é algo instável, não dá pra afirmar sobre o sujeito 'tudo' ou o sujeito 'nada', só o quase deles. Mas o que é quase? Quase é algo subjetivo, que de tão subjetivo, pode dentro de um, caber outro - o "quase o quase algo"¹. Partindo de toda essa subjetividade, não existe verdade, só inclinação à verdade - e/ou mentira - e tudo aquilo que dizemos é uma soma de lógicas tendenciosas pra favorecer os argumentos que corroboram com aquilo que acreditamos, assim como a minha busca doentia pra que minha palavras sempre pareçam irrefutáveis pra que eu possa estar certo.
O grande problema é que quase nada é baseado em extremos e não adianta eu me esforçar pra ter um texto impecável, se toda essa impecabilidade só servir pra mim, enquanto que aos outros fique uma coisa enfadonha, chata, e é aí que mora um extremo. Mudemos isso...
Quando não temos um quase, temos uma verdade e esta afirmação é falsa. Foi o Gödel² que disse que nenhum sistema lógico é suficientemente completo e consistente, quem seria eu pra discordar?! De tal forma, até as verdades sobre as "quase verdades" são quase verdade. Como consistência e inconsistência são grandezas incomensuráveis, de qual prova eu precisaria pra que minha fala fosse consistente, se não a prova de que ela fosse logicamente completa?
É claro que eu pretendia apenas falar sobre o peso das certezas sob as incertezas neste texto, mas qual o problema em apelar um pouco para esse meu fascínio por lógica?! A arte da dialética depende da lógica e a arte em decidir a melhor escolha pode ser melhorada com um auxílio da lógica, também. Assim, não estou tão disperso daquilo que queria levar ao que me lê. Bendita...
A indecisão é só um reflexo da falta de lógica que as opções oferecem, mas estou certo que falar ou pensar nisso é exatamente o mesmo que insistir numa indecisão: mergulhar em algo que pode lhe afastar de seu objetivo. Portanto, agora é o momento em que me calo, sem muitas pretensões.
¹ - É como se houvesse sempre um dinamismo que impusesse que dentro de um 'quase', haverá um outro 'quase', de tal forma que será inconsistente como "verdade" mencionar o 'quase'.
² - Talvez já tenha sido observado o meu fascínio pelo teorema da incompletude, já que eu já o citei em alguns textos e constantemente falo sobre ele, seja pessoalmente, virtualmente ou de qualquer outra forma, mesmo nunca o tendo estudado (no contexto acadêmico) a fundo. Mas pretendo parar com isso alguma hora. Sério.
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
...no fundo do meu coração.
Estive pensando em escrever sobre presepadas ideológicas, como quando se confia sua ideologia numa posição e esta lhe trai em alguns aspectos, dizendo exatamente o contrário daquilo que você pensa. Mas poxa vida, isso é cansativo! Meu cérebro não é mais o mesmo, deve ser a cultura grega - ou universitária, como quiser - imperando no meu modo de pensar.
Estou com um certo tesão para escrever a respeito daquilo que sempre escrevo... 'el amor'. É que a nostalgia está me matando, eu tento saber onde errei ou onde erraram pra que eu fosse tão assim, com uma família de amizades extensa e um coração tão solitário, não naquilo que diz respeito aos amigos ou até mesmo às relações mundanas, mas naquelas benditas relações que se referem ao que foi dito no começo do parágrafo.
É clichê e já não estou nem me acanhando mais a respeito disso, os clichês têm a função de serem usados ou criticados; às vezes os uso, às vezes os critico. Neste momento, é mais válido viver o clichê, já que é dessa forma que a maioria entende. É ÓBVIO que escrevo para ser lido, por mais que tenha minhas próprias restrições que não fazem sentido volta e meia, o que já não interessa (ou interessa) saber neste texto.
As interpretações até eu divirjo, não há porquê de não serem ambíguas. Se não houvesse ambiguidade, qual seria a graça em escrever?! Eu só fico um pouco aborrecido por ser interpretado tão completamente disperso daquilo que queria, por aqueles que gostaria que não o fizessem, mas o tempo é rei em terras retardadas e isso me tranquiliza um pouco; bem pouco.
Já recebi uma notícia que iluminou minha mente de forma linda e, ao mesmo tempo, me fez cair onde não gosto de estar: a da confirmação de que sou lido por quem quero, vinda da mesma pessoa. Feliz ou triste, foi efêmera demais pra saber. De qualquer forma, a cara do texto mudou e se esta notícia for verdade, vou ser estupidamente enigmático para com qualquer pessoa diferente daquela, porque eu lembro daquele "sempre".
Todavia, o 'pra sempre' sempre acaba, como disse algum poeta brasileiro. Você (pra qualquer um 'você' que esteja lendo) lembra?
Viver uma revolução - amo isso de verdade! Pena que não sei se já vivi alguma, talvez sim, talvez não; mas quem liga, não é?! Nem eu ligo, aquilo que eu ligo já ficou no passado e só eu não vi; deve ser hora de abandonar o poema Flor de Lótus (Rabindranath Tagore). Olha aí uma revolução.
Tenho tentado aprimorar o meu 'eu', mas isso seria tornar o conjunto mente-corpo-alma saudável. Os dois primeiros são tranquilos, entretanto a dinâmica entre todos eles é tão forte, que sempre acabo os corrompendo por conta de um: o terceiro. Daí, nada consta no senso revolucionário e tudo que exponho continua sendo uma queixa de um coração triste.
Vê, estou regurgitando pensamentos e sempre a gerar textos iguais, assim como disse que acontece, em algum lugar por aí.
Estou com um certo tesão para escrever a respeito daquilo que sempre escrevo... 'el amor'. É que a nostalgia está me matando, eu tento saber onde errei ou onde erraram pra que eu fosse tão assim, com uma família de amizades extensa e um coração tão solitário, não naquilo que diz respeito aos amigos ou até mesmo às relações mundanas, mas naquelas benditas relações que se referem ao que foi dito no começo do parágrafo.
É clichê e já não estou nem me acanhando mais a respeito disso, os clichês têm a função de serem usados ou criticados; às vezes os uso, às vezes os critico. Neste momento, é mais válido viver o clichê, já que é dessa forma que a maioria entende. É ÓBVIO que escrevo para ser lido, por mais que tenha minhas próprias restrições que não fazem sentido volta e meia, o que já não interessa (ou interessa) saber neste texto.
As interpretações até eu divirjo, não há porquê de não serem ambíguas. Se não houvesse ambiguidade, qual seria a graça em escrever?! Eu só fico um pouco aborrecido por ser interpretado tão completamente disperso daquilo que queria, por aqueles que gostaria que não o fizessem, mas o tempo é rei em terras retardadas e isso me tranquiliza um pouco; bem pouco.
Já recebi uma notícia que iluminou minha mente de forma linda e, ao mesmo tempo, me fez cair onde não gosto de estar: a da confirmação de que sou lido por quem quero, vinda da mesma pessoa. Feliz ou triste, foi efêmera demais pra saber. De qualquer forma, a cara do texto mudou e se esta notícia for verdade, vou ser estupidamente enigmático para com qualquer pessoa diferente daquela, porque eu lembro daquele "sempre".
Todavia, o 'pra sempre' sempre acaba, como disse algum poeta brasileiro. Você (pra qualquer um 'você' que esteja lendo) lembra?
Viver uma revolução - amo isso de verdade! Pena que não sei se já vivi alguma, talvez sim, talvez não; mas quem liga, não é?! Nem eu ligo, aquilo que eu ligo já ficou no passado e só eu não vi; deve ser hora de abandonar o poema Flor de Lótus (Rabindranath Tagore). Olha aí uma revolução.
Tenho tentado aprimorar o meu 'eu', mas isso seria tornar o conjunto mente-corpo-alma saudável. Os dois primeiros são tranquilos, entretanto a dinâmica entre todos eles é tão forte, que sempre acabo os corrompendo por conta de um: o terceiro. Daí, nada consta no senso revolucionário e tudo que exponho continua sendo uma queixa de um coração triste.
Vê, estou regurgitando pensamentos e sempre a gerar textos iguais, assim como disse que acontece, em algum lugar por aí.
terça-feira, 8 de outubro de 2013
Quando eu era mais novo,...
...Era tão bom! Não procurava essa racionalidade toda que procuro hoje e, mesmo assim, conseguia ter uma mente tão adorável; ficava apenas me conciliando com dúvidas efêmeras, daquelas que se tem quando se olha pro céu, ao cair da noite. E sim, sempre tive esse vício de olhar para a Lua e as estrelas.
...Era um jovem que gostava de beijar o rosto de todas as pessoas que amava - um gesto inocente, sem dúvida, mas que fazia muita diferença; diferença que faz o hoje cruel. Tenho dúvidas se posso voltar a ter essa inocência e também tenho dúvidas se poderia um dia calar esses gritos de nostalgia, por mais que eu ainda seja tão novo.
...Era um rapazinho romântico. Gostava muito de presentear minhas professoras com as figuras criativas que eu cortava e colava e dobrava e desenhava - me chamavam de puxa saco por isso, e talvez até fosse, mas sempre gostei daqueles que iluminam as trevas do conhecimento. E sim, isso é romântico! Tão quanto as mil juras (verdadeiras) de amor que fiz a umas menininhas e a uma outra - hoje mulherão - que, há algum tempo, tenho escrito sobre e sempre a me queixar. Mas esse não é o assunto deste texto, pode ter certeza.
Este texto fala sobre o que me consome, mas na sua forma mais pura: uma nostalgia que independe de outrem; é justamente sobre mim, egocêntrico que sou. Também sei que sempre estou a falar da nostalgia, mas é que dessa vez..
...Era o cultivador de sementes da paz, verdadeiro apaixonado pela pomba branca. Hoje sou tão indiscreto, semeador de sentimentos ruins e sempre com a maldita desculpa de que busco a transcendência. Transcendência? Estou sempre falando nela, mas nunca vivendo-a, nunca explorando-a. Quão longe é possível ir com uma mentira que fere somente a quem a pronuncia? Está me implodindo, droga.
Ah, dessa vez... tudo tão raro e claro! Está me doendo o coração porque os clichês fazem mais sentido que aqueles nonsenses, que são verdades escondidas por frases toscas. Clichês.. de amizade, amor, família, saudade.. de tudo. E não quero mais me sujeitar a esperar que alguém perceba e me ajude, porque machuca demais; ninguém tem culpa de que alguém está mal por si só - às vezes, até tem, mas pra que esperar?
...Era um aluno excelente, só tirava 10, literalmente. Meu boletim era "bonito", eu me sentia feliz sendo apenas uma pessoa que conseguia superar barreiras impostas, seguindo o caminho pré-desenhado que me era encomendado. Mas sem pensar nisso, claro; eu não me sentia um robô, justamente a forma como via os demais. E por que? Porquê.
Esperar pelos demais é uma crueldade sem tamanho. Primeiro, porque quem a pratica é você mesmo; segundo, porque não se tem controle; terceiro, porque lhe faz pensar em mais coisas (coisas tristes); enésimo, porque são coisas tristes.
...Era membro de uma família feliz. E só disse isso por reflexão. Acho-a necessária (a reflexão), mas não acho que falar a respeito me faria bem, porque sei de mil e uma coisas, mas nenhuma delas é confortável.
A minha espera de hoje? Falta pouco pra descobrir, estou chegando lá.
...Era um jovem que gostava de beijar o rosto de todas as pessoas que amava - um gesto inocente, sem dúvida, mas que fazia muita diferença; diferença que faz o hoje cruel. Tenho dúvidas se posso voltar a ter essa inocência e também tenho dúvidas se poderia um dia calar esses gritos de nostalgia, por mais que eu ainda seja tão novo.
...Era um rapazinho romântico. Gostava muito de presentear minhas professoras com as figuras criativas que eu cortava e colava e dobrava e desenhava - me chamavam de puxa saco por isso, e talvez até fosse, mas sempre gostei daqueles que iluminam as trevas do conhecimento. E sim, isso é romântico! Tão quanto as mil juras (verdadeiras) de amor que fiz a umas menininhas e a uma outra - hoje mulherão - que, há algum tempo, tenho escrito sobre e sempre a me queixar. Mas esse não é o assunto deste texto, pode ter certeza.
Este texto fala sobre o que me consome, mas na sua forma mais pura: uma nostalgia que independe de outrem; é justamente sobre mim, egocêntrico que sou. Também sei que sempre estou a falar da nostalgia, mas é que dessa vez..
...Era o cultivador de sementes da paz, verdadeiro apaixonado pela pomba branca. Hoje sou tão indiscreto, semeador de sentimentos ruins e sempre com a maldita desculpa de que busco a transcendência. Transcendência? Estou sempre falando nela, mas nunca vivendo-a, nunca explorando-a. Quão longe é possível ir com uma mentira que fere somente a quem a pronuncia? Está me implodindo, droga.
Ah, dessa vez... tudo tão raro e claro! Está me doendo o coração porque os clichês fazem mais sentido que aqueles nonsenses, que são verdades escondidas por frases toscas. Clichês.. de amizade, amor, família, saudade.. de tudo. E não quero mais me sujeitar a esperar que alguém perceba e me ajude, porque machuca demais; ninguém tem culpa de que alguém está mal por si só - às vezes, até tem, mas pra que esperar?
...Era um aluno excelente, só tirava 10, literalmente. Meu boletim era "bonito", eu me sentia feliz sendo apenas uma pessoa que conseguia superar barreiras impostas, seguindo o caminho pré-desenhado que me era encomendado. Mas sem pensar nisso, claro; eu não me sentia um robô, justamente a forma como via os demais. E por que? Porquê.
Esperar pelos demais é uma crueldade sem tamanho. Primeiro, porque quem a pratica é você mesmo; segundo, porque não se tem controle; terceiro, porque lhe faz pensar em mais coisas (coisas tristes); enésimo, porque são coisas tristes.
...Era membro de uma família feliz. E só disse isso por reflexão. Acho-a necessária (a reflexão), mas não acho que falar a respeito me faria bem, porque sei de mil e uma coisas, mas nenhuma delas é confortável.
A minha espera de hoje? Falta pouco pra descobrir, estou chegando lá.
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
Ascensão tecnológica
Pra que tanta tecnologia repetida? Já foi uma tristeza migrar do Orkut pro Facebook, fico pensando nas remigrações pra essas novas tecnologias (Instagram, Whats App, WeChat, etc). Qual a lógica disso tudo? Será que é o rejuvenescimento constante do capitalismo, a defasagem cultural que a sociedade moderna sofre ou simplesmente ambos?
Não é possível! Quando fico no meu portão sentado, conversando com algum amigo e observando o movimento, geralmente no período vespertino/noturno, percebo uma coisa, que também contribuo - pra não aliviar minha culpa: a cultura regional, que é criada por um grupo de pessoas, obviamente, está em fase de extinção. Só vejo os mais velhos indo na casa dos outros, às vezes conhecendo gente nova (mesmo sem segundas intenções) nesses eventos fortuitos.
As novas gerações aparentemente não têm mais aquele gosto do acaso natural: está tudo virando digital, mesmo aqui ou em outras regiões periféricas. A tecnologia está roubando a parte mais humana que nos é agraciada, que é o acaso das sensações. Agora tudo é achado com alguns toques e poucos caracteres, e não que o acesso à informação seja algo ruim, mas a forma como ele está sendo explorado é deplorável: não temos mais contato biológico, só físico - por meio de alguns trilhões de transístores e fibras ópticas.
Estamos cercados por aquilo que queremos cercar, mas nunca aquilo que temos em volta está bom - o verdadeiro paradoxo da sociedade moderna; "moderna". Então para ocupar nossa falta de informação, somos dopados para ficarmos 24 horas por dia numa rede, social ou não, que não nos impede de buscar nossas metas, mas também não permite. A coisa começa a complicar quando se pensa nisso, mas sobre isso estou muito mais incerto que sobre aquilo que pensei primeiro.
Sabe quando falei sobre a cultura regional? Pois é, hoje parece haver uma unificação de cultura - uma verdadeira produção industrial de série. Só que nela não se permitem falhas: as discrepâncias estão oscilando num intervalo pré-definido. Aquele que não respeitar o intervalo e acabar falando de ideologias que não estão na ementa, será punido; aquele que não puder estar no contexto social também será punido; e, por último, aquele que não souber se posicionar no contexto econômico será punido, como os demais.
Em suma, a questão cultural, do qual me refiro, diz respeito à internacionalização da cultura. Em inglês, francês, português ou qualquer outra língua, a nova geração está seguindo um padrão muito similar, que constitui justamente essa produção industrial de série. Nota-se que a comunicação, cultura mainstream, cultura underground, posição revolucionária, entre outros aspectos, estão bem definidos e aqueles que os escapam são massacrados pelos servos da unificação, que já são a grande maioria. Portanto, fica só mais uma inquietação minha sobre isso tudo: será que a sociedade está progredindo de forma cada vez mais próxima àquilo retratado radicalmente em 1984, de George Orwell?
Não tenho essa resposta, mas confesso que estou decepcionado com a forma do qual estamos vivendo - as gerações diretamente póstumas ao surgimento e propagação da internet - exatamente por isso. Que sempre haverá uma contra-vertente, eu não duvido. O problema é só haver a vertente e sua contra-vertente, nada mais, e nós, aqui, nos equilibrando por entre duas linhas bambas, que são essas correntes - vertente e contra-vertente, de forma que elas vão alternando, assim como Orwell disse em algum momento, em sua obra. E o pior de tudo: sendo gerenciadas por quem detém o controle dessas novas tecnologias.
Não é possível! Quando fico no meu portão sentado, conversando com algum amigo e observando o movimento, geralmente no período vespertino/noturno, percebo uma coisa, que também contribuo - pra não aliviar minha culpa: a cultura regional, que é criada por um grupo de pessoas, obviamente, está em fase de extinção. Só vejo os mais velhos indo na casa dos outros, às vezes conhecendo gente nova (mesmo sem segundas intenções) nesses eventos fortuitos.
As novas gerações aparentemente não têm mais aquele gosto do acaso natural: está tudo virando digital, mesmo aqui ou em outras regiões periféricas. A tecnologia está roubando a parte mais humana que nos é agraciada, que é o acaso das sensações. Agora tudo é achado com alguns toques e poucos caracteres, e não que o acesso à informação seja algo ruim, mas a forma como ele está sendo explorado é deplorável: não temos mais contato biológico, só físico - por meio de alguns trilhões de transístores e fibras ópticas.
Estamos cercados por aquilo que queremos cercar, mas nunca aquilo que temos em volta está bom - o verdadeiro paradoxo da sociedade moderna; "moderna". Então para ocupar nossa falta de informação, somos dopados para ficarmos 24 horas por dia numa rede, social ou não, que não nos impede de buscar nossas metas, mas também não permite. A coisa começa a complicar quando se pensa nisso, mas sobre isso estou muito mais incerto que sobre aquilo que pensei primeiro.
Sabe quando falei sobre a cultura regional? Pois é, hoje parece haver uma unificação de cultura - uma verdadeira produção industrial de série. Só que nela não se permitem falhas: as discrepâncias estão oscilando num intervalo pré-definido. Aquele que não respeitar o intervalo e acabar falando de ideologias que não estão na ementa, será punido; aquele que não puder estar no contexto social também será punido; e, por último, aquele que não souber se posicionar no contexto econômico será punido, como os demais.
Em suma, a questão cultural, do qual me refiro, diz respeito à internacionalização da cultura. Em inglês, francês, português ou qualquer outra língua, a nova geração está seguindo um padrão muito similar, que constitui justamente essa produção industrial de série. Nota-se que a comunicação, cultura mainstream, cultura underground, posição revolucionária, entre outros aspectos, estão bem definidos e aqueles que os escapam são massacrados pelos servos da unificação, que já são a grande maioria. Portanto, fica só mais uma inquietação minha sobre isso tudo: será que a sociedade está progredindo de forma cada vez mais próxima àquilo retratado radicalmente em 1984, de George Orwell?
Não tenho essa resposta, mas confesso que estou decepcionado com a forma do qual estamos vivendo - as gerações diretamente póstumas ao surgimento e propagação da internet - exatamente por isso. Que sempre haverá uma contra-vertente, eu não duvido. O problema é só haver a vertente e sua contra-vertente, nada mais, e nós, aqui, nos equilibrando por entre duas linhas bambas, que são essas correntes - vertente e contra-vertente, de forma que elas vão alternando, assim como Orwell disse em algum momento, em sua obra. E o pior de tudo: sendo gerenciadas por quem detém o controle dessas novas tecnologias.
domingo, 30 de junho de 2013
Sobre o que é desagradável
É sobre luta.
Sobre as crianças que estão nas ruas, dependentes químicas ou não, que correram alguns dias e outros dias, dos quais não sou alguém para poder julgar.
Que venha a música, sem ritmo, melodia ou harmonia, pois ela soa na mente pra aliviar a dor e o cansaço, pois ela arde na pele pra comemorar mais um dia de vida, pois ela dói tanto ou mais que os fatos, pois ela é a consciência de um reflexo que é inerente à vontade. À vontade, nem no pensamento, nem na inocência, nem na caminhada só.
É muito fácil condenar aquele que pratica o mal, pois o mal não se aprende, o mal se é ensinado. É também fácil multiplicar a dor, pois quem já pisou em caco de vidro não sabe o que é andar de sapato; e sapato incomoda demais no pé, muito mais na vitrine, muito mais na altura dos olhos, muito mais quando falta sensibilidade.
Mas uma hora se ouve a dor de um parto, ouve-se a dor do irmão - irmão que não é de sangue, nem de ideias, apenas de caminhada; ouve-se até aquela que emite som, quando na pele fica marca. Quando a marca é só passageira, eles dizem que não doeu, mas até que doeu muito mais, num lugar onde só quem a suportou pode sentir.
Sinto que condenarão aquele que os maldisser, já que são heróis do povo - o povo que só vi aclamado em tempos de setembro a outubro, a cada 2 anos. Mas a pena, também injusta, de quem luta do outro lado não é nem a menor parte da pena injusta de quem só fez por merecer - merecer amor, atenção, paz, caridade - e recebeu apenas o incentivo do erro; do "erro"...
E eu queria escrever para ouvirem o que deveria ser lido, mas dói muito saber que não há voz para quem não fala e, portanto, essas palavras são só volume para o depósito de vento. A humanidade está de luto desde que nasceu.
Sobre as crianças que estão nas ruas, dependentes químicas ou não, que correram alguns dias e outros dias, dos quais não sou alguém para poder julgar.
Que venha a música, sem ritmo, melodia ou harmonia, pois ela soa na mente pra aliviar a dor e o cansaço, pois ela arde na pele pra comemorar mais um dia de vida, pois ela dói tanto ou mais que os fatos, pois ela é a consciência de um reflexo que é inerente à vontade. À vontade, nem no pensamento, nem na inocência, nem na caminhada só.
É muito fácil condenar aquele que pratica o mal, pois o mal não se aprende, o mal se é ensinado. É também fácil multiplicar a dor, pois quem já pisou em caco de vidro não sabe o que é andar de sapato; e sapato incomoda demais no pé, muito mais na vitrine, muito mais na altura dos olhos, muito mais quando falta sensibilidade.
Mas uma hora se ouve a dor de um parto, ouve-se a dor do irmão - irmão que não é de sangue, nem de ideias, apenas de caminhada; ouve-se até aquela que emite som, quando na pele fica marca. Quando a marca é só passageira, eles dizem que não doeu, mas até que doeu muito mais, num lugar onde só quem a suportou pode sentir.
Sinto que condenarão aquele que os maldisser, já que são heróis do povo - o povo que só vi aclamado em tempos de setembro a outubro, a cada 2 anos. Mas a pena, também injusta, de quem luta do outro lado não é nem a menor parte da pena injusta de quem só fez por merecer - merecer amor, atenção, paz, caridade - e recebeu apenas o incentivo do erro; do "erro"...
E eu queria escrever para ouvirem o que deveria ser lido, mas dói muito saber que não há voz para quem não fala e, portanto, essas palavras são só volume para o depósito de vento. A humanidade está de luto desde que nasceu.
quarta-feira, 1 de maio de 2013
L de Linha Ignorante
Chove sangue. Desconcentrado, permaneço estático na perplexidade; atônito, conspiro sobre minha força de reação; poético, utilizo de metáforas erradas. Já faz tanto tempo...
Ficou no fundo do peito, acho que a essência, que hoje é tão distorcida, tão desviada. Eu tinha minhas dúvidas sobre o futuro, aquele que hoje vivo; e terei por muito mais tempo a dúvida do outro futuro, aquele que é daqui a 2 horas. Tudo muda incessantemente, o futuro faz parte desse tudo. E acho que a principal mudança ocorre na concepção do mundo e concepção de mundo, só pra não dizer que a essência sofre mutação. Que medo de pensar nisso (a mutação da essência) como verdade!
O eu entrou em desencanto desde a primavera. Qual? Qual primavera? A do oito de outubro. Consegui até ver o melhor de muitas flores, mas aquela que tem toda uma conotação mística ficou somente na lembrança a partir desse dia.
Talvez eu esteja equivocado em dizer tão abertamente, de maneira tão indireta, isso tudo que procuro afundar no mar de memórias. Entretanto, 'talvez' é uma palavra furada, que vive sob a certeza da incerteza. Pode ser o inverso, mas insistir nessa semântica é má utilização do tempo. A ver que assim tudo parece ser tão confuso, a simplicidade da ignorância até escapa por alguns minutos. Porém, eu estou precavido! A ignorância é simples e o problema é mesmo esse. Se fosse complicado, eu poderia inventar verdades, só pra escapar da culpa e ainda sairia ileso.
A ignorância não é tema, nem assunto, nem orgulho; é um fato! Em cada um se manifesta um tipo diferente de ignorância. A minha é deplorável, estúpida, burra. Mas isso é problema? Não, não é. Todos, assim como eu disse, têm essa ignorância, que é tão característica quanto aquelas grandes virtudes, que nem sempre são observáveis, mas sempre estão presentes. E, sim, virtude é tema, assunto, orgulho e também fato.
Ouvi certa vez que beleza sem virtude é como uma rosa sem fragrância. O que, pra mim, foi patético, pois detesto o cheiro de rosas, lembra-me o cheiro de cemitério; péssimo! Poderia ter sido dama da noite ou qualquer outra daquelas flores, cujo não sei o nome e mesmo assim reconheço o cheiro agradável. Aí sim o sentido do ditado seria mais preciso, todavia não é. Que pena!
Agora sendo mais preciso, só pra conseguir relacionar a virtude com a ignorância e, por conseguinte, com a minha ignorância. Sei que muitas vezes o céu dessa minha cidade traz consigo a sujeira e melancolia que ficaram omissas durante todos os outros dias e é exatamente esse o grande apogeu da criação, a maximização da inspiração e também a carência eminente. Pode ser paradoxal à medida que é bom e ruim, mas ainda assim é bem definido, com cada aspecto representando somente um lado bom ou ruim. E a ignorância, quando analisada por completo, se enquadra exatamente nisso.
Exemplificando, por meio de generalizações, é claro, tem-se exatamente essas antíteses: o ato ignorante é burro, isto é, ruim; o pensamento ignorante é ruim como fim, mas é bom como exercício da mente; a reação imediata à ignorância é ruim, já a reação após certo tempo é boa, considerando que há aprendizado; o exemplo que fica é bom; dentre inúmeras outras considerações. Daqui, tem-se o paradoxo de que ela - a ignorância - é boa e ruim, como também tem-se que ela é equilibrada, por cada aspecto estar bem definido, assim abrigando um lado virtuoso. Agora sim a relação está pronta.
Para evitar maiores constrangimentos, ressalto que a minha ignorância cai nessa regra e, portanto, não preciso falar ainda mais sobre a mesma, só pra continuar seguindo a ideia do "ignorância não é tema, nem assunto, nem orgulho" e fingir que neste texto a palavra ignorância e suas derivações não apareceram cerca de 15 vezes. Ah, como sou ignorante!
Ficou no fundo do peito, acho que a essência, que hoje é tão distorcida, tão desviada. Eu tinha minhas dúvidas sobre o futuro, aquele que hoje vivo; e terei por muito mais tempo a dúvida do outro futuro, aquele que é daqui a 2 horas. Tudo muda incessantemente, o futuro faz parte desse tudo. E acho que a principal mudança ocorre na concepção do mundo e concepção de mundo, só pra não dizer que a essência sofre mutação. Que medo de pensar nisso (a mutação da essência) como verdade!
O eu entrou em desencanto desde a primavera. Qual? Qual primavera? A do oito de outubro. Consegui até ver o melhor de muitas flores, mas aquela que tem toda uma conotação mística ficou somente na lembrança a partir desse dia.
Talvez eu esteja equivocado em dizer tão abertamente, de maneira tão indireta, isso tudo que procuro afundar no mar de memórias. Entretanto, 'talvez' é uma palavra furada, que vive sob a certeza da incerteza. Pode ser o inverso, mas insistir nessa semântica é má utilização do tempo. A ver que assim tudo parece ser tão confuso, a simplicidade da ignorância até escapa por alguns minutos. Porém, eu estou precavido! A ignorância é simples e o problema é mesmo esse. Se fosse complicado, eu poderia inventar verdades, só pra escapar da culpa e ainda sairia ileso.
A ignorância não é tema, nem assunto, nem orgulho; é um fato! Em cada um se manifesta um tipo diferente de ignorância. A minha é deplorável, estúpida, burra. Mas isso é problema? Não, não é. Todos, assim como eu disse, têm essa ignorância, que é tão característica quanto aquelas grandes virtudes, que nem sempre são observáveis, mas sempre estão presentes. E, sim, virtude é tema, assunto, orgulho e também fato.
Ouvi certa vez que beleza sem virtude é como uma rosa sem fragrância. O que, pra mim, foi patético, pois detesto o cheiro de rosas, lembra-me o cheiro de cemitério; péssimo! Poderia ter sido dama da noite ou qualquer outra daquelas flores, cujo não sei o nome e mesmo assim reconheço o cheiro agradável. Aí sim o sentido do ditado seria mais preciso, todavia não é. Que pena!
Agora sendo mais preciso, só pra conseguir relacionar a virtude com a ignorância e, por conseguinte, com a minha ignorância. Sei que muitas vezes o céu dessa minha cidade traz consigo a sujeira e melancolia que ficaram omissas durante todos os outros dias e é exatamente esse o grande apogeu da criação, a maximização da inspiração e também a carência eminente. Pode ser paradoxal à medida que é bom e ruim, mas ainda assim é bem definido, com cada aspecto representando somente um lado bom ou ruim. E a ignorância, quando analisada por completo, se enquadra exatamente nisso.
Exemplificando, por meio de generalizações, é claro, tem-se exatamente essas antíteses: o ato ignorante é burro, isto é, ruim; o pensamento ignorante é ruim como fim, mas é bom como exercício da mente; a reação imediata à ignorância é ruim, já a reação após certo tempo é boa, considerando que há aprendizado; o exemplo que fica é bom; dentre inúmeras outras considerações. Daqui, tem-se o paradoxo de que ela - a ignorância - é boa e ruim, como também tem-se que ela é equilibrada, por cada aspecto estar bem definido, assim abrigando um lado virtuoso. Agora sim a relação está pronta.
Para evitar maiores constrangimentos, ressalto que a minha ignorância cai nessa regra e, portanto, não preciso falar ainda mais sobre a mesma, só pra continuar seguindo a ideia do "ignorância não é tema, nem assunto, nem orgulho" e fingir que neste texto a palavra ignorância e suas derivações não apareceram cerca de 15 vezes. Ah, como sou ignorante!
terça-feira, 16 de abril de 2013
Oito de outubro
Entorno novamente na nostalgia, trama da minha vida. Não tive sucesso com a adversidade do mundo, já que eu mirava no oposto da corrente; queria apenas um pouco de iluminação, apenas um êxtase, uma válvula de escape, como aquela que sempre tive tão facilmente, sem saber o porquê de tão fácil, nem saber o porquê de eu ter.
Afinal, não tenho culpa de ser assim ou de pensar assim; cada pessoa no mundo é um universo e o meu universo não permite uma natureza racional pra explicar o irracional, me desculpe. Jamais pensei ou tive qualquer pretensão de apostar num mundo inteiramente racional, então a questão já não é mais essa diferença astronômica de crenças entre o eu e o mundo dos olhares, sorrisos e contatos físicos.
Estive acordando bem-disposto, não reclamei ao me olhar no espelho, nem fiz cara feia quando o pão estava amargo, já que seria bem óbvio que o pior me esperasse. Aí chega o ponto em que o novo nasce velho, só pela coincidência ou pela exaustão. A repercussão? Corpo pesado, olhos inchados, paladar ofensivo - resta somente o gostinho de uma dor desconhecida, que não aconteceu e acontece a cada instante. Eu poupo palavras para descrevê-la, pois é uma lástima saber que isso é apenas retrospecto dos meus atos.
As noites caem, conspiro sobre a sociedade, o conhecimento e todos os sentimentos. Vivo uma má época naquilo que prezo e destino minha vida; meus cadernos vivem uma má época de preenchimentos massivos, rebeldes e sobretudo tristes; o mundo exterior vive uma má fase de aproximação comigo; maldigo a todos e me refugio nas crianças e outras formas de vida. Então fica bem, sem estar bem: fica discreto, o mundo e como o vejo.
É aí que há complicação: viver não pode ser figuração. O mundo está girando e enquanto eu for vivo, ele estará girando. O ideal não pode morrer, a singularidade não pode morrer. E tempo... tempo é um fluxo, uma ordem que clama por espaço, contexto e essência, que não se pode confiar - há muito mais que simplesmente observações e notações físicas, não desmerecendo o papel que é fundamental e que cada um tem. Há algo por trás disso tudo e é por isso que não se deve parar, nem acompanhar todas essas grandezas físicas apenas em passos vazios.
Aparentemente, quero lutar por justiça e por algum nó na garganta. Não que seja bem assim, nem que seja diferente disso; é complicado demais extasiar a existência de novos ideais, ainda mais quando eles são o oposto de tudo aquilo que a trilha evolutiva dos fatos culminou. Em palavras mais sensatas para a ocasião, eu diria que a minha nova justiça é a injustiça daquilo que outrora cavei. Sendo assim, não há cura ou tratamento para a doença que eu me causei. E, sim, esse é o ponto. O ponto que mais dói, mas ao mesmo tempo, o ponto que mais ensina. É como as grandes conjecturas, que se apoiam em grandes postulados e hora ou outra, são derrubadas por novas grandes conjecturas apoiadas em novos grandes postulados, muito mais consistentes e precisos. Só não há mais tempo, pois como disse o poeta, é chama.
Eis que isso tudo virou conjectura, também. Entretanto, será certo pensar em Kurt Gödel ou Bertrand Russell? Isto é, será certo associar isso a um sistema inconsistente de ideias? Quero dizer, pois, se estou numa condição em que tudo que eu fizer se tornará erro, será que esse pensamento também não decaia na própria regra, sendo assim, erro e, portanto, seja possível que haja uma última luz no fim do túnel?
Apenas reflexões.
Afinal, não tenho culpa de ser assim ou de pensar assim; cada pessoa no mundo é um universo e o meu universo não permite uma natureza racional pra explicar o irracional, me desculpe. Jamais pensei ou tive qualquer pretensão de apostar num mundo inteiramente racional, então a questão já não é mais essa diferença astronômica de crenças entre o eu e o mundo dos olhares, sorrisos e contatos físicos.
Estive acordando bem-disposto, não reclamei ao me olhar no espelho, nem fiz cara feia quando o pão estava amargo, já que seria bem óbvio que o pior me esperasse. Aí chega o ponto em que o novo nasce velho, só pela coincidência ou pela exaustão. A repercussão? Corpo pesado, olhos inchados, paladar ofensivo - resta somente o gostinho de uma dor desconhecida, que não aconteceu e acontece a cada instante. Eu poupo palavras para descrevê-la, pois é uma lástima saber que isso é apenas retrospecto dos meus atos.
As noites caem, conspiro sobre a sociedade, o conhecimento e todos os sentimentos. Vivo uma má época naquilo que prezo e destino minha vida; meus cadernos vivem uma má época de preenchimentos massivos, rebeldes e sobretudo tristes; o mundo exterior vive uma má fase de aproximação comigo; maldigo a todos e me refugio nas crianças e outras formas de vida. Então fica bem, sem estar bem: fica discreto, o mundo e como o vejo.
É aí que há complicação: viver não pode ser figuração. O mundo está girando e enquanto eu for vivo, ele estará girando. O ideal não pode morrer, a singularidade não pode morrer. E tempo... tempo é um fluxo, uma ordem que clama por espaço, contexto e essência, que não se pode confiar - há muito mais que simplesmente observações e notações físicas, não desmerecendo o papel que é fundamental e que cada um tem. Há algo por trás disso tudo e é por isso que não se deve parar, nem acompanhar todas essas grandezas físicas apenas em passos vazios.
Aparentemente, quero lutar por justiça e por algum nó na garganta. Não que seja bem assim, nem que seja diferente disso; é complicado demais extasiar a existência de novos ideais, ainda mais quando eles são o oposto de tudo aquilo que a trilha evolutiva dos fatos culminou. Em palavras mais sensatas para a ocasião, eu diria que a minha nova justiça é a injustiça daquilo que outrora cavei. Sendo assim, não há cura ou tratamento para a doença que eu me causei. E, sim, esse é o ponto. O ponto que mais dói, mas ao mesmo tempo, o ponto que mais ensina. É como as grandes conjecturas, que se apoiam em grandes postulados e hora ou outra, são derrubadas por novas grandes conjecturas apoiadas em novos grandes postulados, muito mais consistentes e precisos. Só não há mais tempo, pois como disse o poeta, é chama.
Eis que isso tudo virou conjectura, também. Entretanto, será certo pensar em Kurt Gödel ou Bertrand Russell? Isto é, será certo associar isso a um sistema inconsistente de ideias? Quero dizer, pois, se estou numa condição em que tudo que eu fizer se tornará erro, será que esse pensamento também não decaia na própria regra, sendo assim, erro e, portanto, seja possível que haja uma última luz no fim do túnel?
Apenas reflexões.
domingo, 14 de abril de 2013
Motivacional, sensacional e realmente o que se precisava
Motivacional como o orgasmo dos mosquitos, sensacional como o horário nobre da televisão, realmente o que se precisava como a presença da faca num prato de macarronada. Eu apresento aqui e agora: o texto mais importante do mundo!
Claro que não, não há textos importantes, nem o que seria contrário a isso (desimportantes?). É um joguinho de palavras em conjunto - ah, como eu adoro esse clichê - prontas pra relacionar um tema tão esplêndido como esse: como conseguir escrever.
Muitas, muitas, um número concebivelmente grande de vezes me deparei com a ideia, o instrumento de escrita, a folha em branco e... que mais?! Aquela coisa que passou. Foi, é, será sempre um momento doloroso. Pode ser inspiração, pode ser eclosão, pode ser algo, mas não está presente e acaba nesse ressentimento - tão chato, tão podre.
As sobras ficam. Uma hora o estoque ou a cabeça explode, por descontentamento ou por raiva, ou por um pouco de cada. Há sempre uma música que ajuda a se conformar ou se deteriorar, depende muito do momento e da pessoa. Delimitações aqui, determinações ali, determinismos acolá e realmente acaba sendo imprevisível o que acontece postumamente. Não é bom!
Então que acaba voltando à estaca zero; "retrocesso de inverno" - bendita bola de neve. A ideia nunca se esvai completamente, fica nos escombros procurando o melhor momento para dar o bote e surgir como um segundo problema na hora em que ocorre aquele primeiro - sim, personifiquei a ideia. É vingança! Todavia, não é uma super vingança, é que cada ideia gosta de ter o seu espaço em igual; se o meio de produção é igual a todas (a mente), por que a expressão delas há de ser diferente? Ideias também têm sentimentos. E como têm...
Agora estamos com um problema descomunal: não é possível desenvolver porque um primeiro desenvolvimento incompleto (que por natureza não tem solução) atrapalha todos os demais. Ei, isso é um ciclo vicioso. Aí, o escritor ou adepto da escrita vive uma má fase*, que uma hora - e não me pergunte qual hora é - passa e ele volta a desenvolver tranquilamente, como num passe de mágica, até que esse problema retorne novamente.
Até então, isso tudo faz sentido. O problema é que esse sentido da análise do sentido falho também falha. Quando isso acontece, não há o que temer, é o mesmo problema já descrito - talvez haja o que temer, mas desconsidere - e a solução é simples: não há solução, espere o tempo "fazer passar". Sim, é sobretudo complicado, mas por enquanto está simples. E eu, como o bom.. bon vivant aproveito essa brecha e ponho ponto final nesse impasse, só pra descontrair.
* Em relação a essa má fase, recomendo o filme Barton Fink. Escrito, dirigido e produzido pelos irmãos Coen, de 1991. http://www.imdb.com/title/tt0101410/
Claro que não, não há textos importantes, nem o que seria contrário a isso (desimportantes?). É um joguinho de palavras em conjunto - ah, como eu adoro esse clichê - prontas pra relacionar um tema tão esplêndido como esse: como conseguir escrever.
Muitas, muitas, um número concebivelmente grande de vezes me deparei com a ideia, o instrumento de escrita, a folha em branco e... que mais?! Aquela coisa que passou. Foi, é, será sempre um momento doloroso. Pode ser inspiração, pode ser eclosão, pode ser algo, mas não está presente e acaba nesse ressentimento - tão chato, tão podre.
As sobras ficam. Uma hora o estoque ou a cabeça explode, por descontentamento ou por raiva, ou por um pouco de cada. Há sempre uma música que ajuda a se conformar ou se deteriorar, depende muito do momento e da pessoa. Delimitações aqui, determinações ali, determinismos acolá e realmente acaba sendo imprevisível o que acontece postumamente. Não é bom!
Então que acaba voltando à estaca zero; "retrocesso de inverno" - bendita bola de neve. A ideia nunca se esvai completamente, fica nos escombros procurando o melhor momento para dar o bote e surgir como um segundo problema na hora em que ocorre aquele primeiro - sim, personifiquei a ideia. É vingança! Todavia, não é uma super vingança, é que cada ideia gosta de ter o seu espaço em igual; se o meio de produção é igual a todas (a mente), por que a expressão delas há de ser diferente? Ideias também têm sentimentos. E como têm...
Agora estamos com um problema descomunal: não é possível desenvolver porque um primeiro desenvolvimento incompleto (que por natureza não tem solução) atrapalha todos os demais. Ei, isso é um ciclo vicioso. Aí, o escritor ou adepto da escrita vive uma má fase*, que uma hora - e não me pergunte qual hora é - passa e ele volta a desenvolver tranquilamente, como num passe de mágica, até que esse problema retorne novamente.
Até então, isso tudo faz sentido. O problema é que esse sentido da análise do sentido falho também falha. Quando isso acontece, não há o que temer, é o mesmo problema já descrito - talvez haja o que temer, mas desconsidere - e a solução é simples: não há solução, espere o tempo "fazer passar". Sim, é sobretudo complicado, mas por enquanto está simples. E eu, como o bom.. bon vivant aproveito essa brecha e ponho ponto final nesse impasse, só pra descontrair.
* Em relação a essa má fase, recomendo o filme Barton Fink. Escrito, dirigido e produzido pelos irmãos Coen, de 1991. http://www.imdb.com/title/tt0101410/
quarta-feira, 6 de março de 2013
Futuro, por favor!
Não há muitas coisas na vida a se lutar, tudo é muito fugaz. Ao mesmo tempo que tudo é tão efêmero assim, o horizonte se abre de uma forma estupenda: o futuro se desvirtua daquele projeto que era só seguir em frente pra conseguir o pote de ouro, e a pluralidade de escolhas fica estampada na sua frente quando abre a porta pra seguir o caminho do dia.
Sim, as escolhas! Foi no jardim de infância, quando o lápis daquela criança que você nunca tinha conversado caiu do outro lado e havia as opções de devolver, dizer que caiu, ignorar o fato ou pegar para si. Lembra o que você fez? Eu, sinceramente, já não lembro mais, mas como me conheço tão bem, acho que devolvi ao dono. Não que eu queira ser o herói das minhas palavras, até porque já fui muito vilão, todavia o caso aqui é outro: como as escolhas repercutem tanto na vida. Eu posso ter os incontáveis defeitos, somados a um coração de pedra e jeito extremamente sentimental - o verdadeiro complexado - e ainda assim, tenho uma consciência e um modo em que procuro satisfazer a essência do bem-estar como um ser social.
Talvez seja um erro me aprofundar nisso novamente, tenho sempre péssimas experiências quando procuro achar sentido naquilo que nunca fez, nem fará - a vida. Uns têm prazer pelo ócio, outros pelo trabalho batalhado, outros pelo roubo, de modo que sempre haverá alguém para quebrar regras impostas. Ou seja, o tão esperado manual da vida já se perdeu em alguma história no passado e deixou de valer quando o ser aprendeu a pensar.
Mas há uma regra que provavelmente nunca deixará de ser regra, pois assim como observo, enquanto existe o 'um', há o 'outro' que se difere em pelo menos um aspecto desse primeiro. E nessa roda de adversão, não há ponto fixo que mantenha todas as pessoas unidas, mas há pontos que mantêm alguns e pontos que mantêm outros. E ora, o que vejo: aquilo que une todas as pessoas é justamente todas elas. A relação que cria a sociedade é a própria sociedade. Como diria José Ortega, convivência e sociedade são equivalentes, e vendo dessa forma, a convivência de todas as pessoas do mundo se recria a todo tempo. É complicado pensar assim, até porque começariam a vir perguntas sobre como começou a convivência. Bom, vou me abster disso, pois decidi que só começarei a pensar sobre o começo das coisas, quando novas coisas começarem.
Que fique assim por um bom tempo; quando o assunto é sociedade, a fala pende muito à falácia, ao menos no meu caso - um leigo que gosta de ir onde não esteve. O problema é que pensar em como agir recai sempre nesse pensamento sociológico: o indivíduo é único mas não vive só. Aí, toda forma de conduta que se possa tomar, vai ter um reflexo em mais de uma vida, o que restringe muitas escolhas, por serem agradáveis ao que as faz e desagradáveis ao que as sofre.
Seja então um conjunto de escolhas que não soem como depreciativas ao outro, qual delas será a melhor para se ter? Sim, essa dúvida que me consome, só pra não dizer que esse texto em algum momento deixou de ser pessoal.
De verdade, não sei para qual lado estará o pote de ouro, nem sei se quero um pote de ouro. Ultimamente o que mais quero é que o tempo corra um pouco mais rápido do que tem corrido e eu esteja lá na frente pra conseguir realizar aqueles sonhos juvenis que tanto consomem minha mente, momentos antes de dormir. Mas não vou dizer quais são os sonhos, é desnecessário. São juvenis e são meus, não que sejam segredos, mas são desejos que eu deposito minha esperança, o que acaba com a possibilidade de serem vagos para deixar assim em simples palavras... vagas.
Coração! Essa é a palavra que posso dizer, também que devo dizer; mas pra não dizer tanto e ela acabar ficando vaga assim como o contexto, deixo-a apenas em evidência. E, é claro, que a perspicácia determine o que minha fala diz e o que o meu dito fala em todo esse tempo de conversa escrita e monologada.
Sim, as escolhas! Foi no jardim de infância, quando o lápis daquela criança que você nunca tinha conversado caiu do outro lado e havia as opções de devolver, dizer que caiu, ignorar o fato ou pegar para si. Lembra o que você fez? Eu, sinceramente, já não lembro mais, mas como me conheço tão bem, acho que devolvi ao dono. Não que eu queira ser o herói das minhas palavras, até porque já fui muito vilão, todavia o caso aqui é outro: como as escolhas repercutem tanto na vida. Eu posso ter os incontáveis defeitos, somados a um coração de pedra e jeito extremamente sentimental - o verdadeiro complexado - e ainda assim, tenho uma consciência e um modo em que procuro satisfazer a essência do bem-estar como um ser social.
Talvez seja um erro me aprofundar nisso novamente, tenho sempre péssimas experiências quando procuro achar sentido naquilo que nunca fez, nem fará - a vida. Uns têm prazer pelo ócio, outros pelo trabalho batalhado, outros pelo roubo, de modo que sempre haverá alguém para quebrar regras impostas. Ou seja, o tão esperado manual da vida já se perdeu em alguma história no passado e deixou de valer quando o ser aprendeu a pensar.
Mas há uma regra que provavelmente nunca deixará de ser regra, pois assim como observo, enquanto existe o 'um', há o 'outro' que se difere em pelo menos um aspecto desse primeiro. E nessa roda de adversão, não há ponto fixo que mantenha todas as pessoas unidas, mas há pontos que mantêm alguns e pontos que mantêm outros. E ora, o que vejo: aquilo que une todas as pessoas é justamente todas elas. A relação que cria a sociedade é a própria sociedade. Como diria José Ortega, convivência e sociedade são equivalentes, e vendo dessa forma, a convivência de todas as pessoas do mundo se recria a todo tempo. É complicado pensar assim, até porque começariam a vir perguntas sobre como começou a convivência. Bom, vou me abster disso, pois decidi que só começarei a pensar sobre o começo das coisas, quando novas coisas começarem.
Que fique assim por um bom tempo; quando o assunto é sociedade, a fala pende muito à falácia, ao menos no meu caso - um leigo que gosta de ir onde não esteve. O problema é que pensar em como agir recai sempre nesse pensamento sociológico: o indivíduo é único mas não vive só. Aí, toda forma de conduta que se possa tomar, vai ter um reflexo em mais de uma vida, o que restringe muitas escolhas, por serem agradáveis ao que as faz e desagradáveis ao que as sofre.
Seja então um conjunto de escolhas que não soem como depreciativas ao outro, qual delas será a melhor para se ter? Sim, essa dúvida que me consome, só pra não dizer que esse texto em algum momento deixou de ser pessoal.
De verdade, não sei para qual lado estará o pote de ouro, nem sei se quero um pote de ouro. Ultimamente o que mais quero é que o tempo corra um pouco mais rápido do que tem corrido e eu esteja lá na frente pra conseguir realizar aqueles sonhos juvenis que tanto consomem minha mente, momentos antes de dormir. Mas não vou dizer quais são os sonhos, é desnecessário. São juvenis e são meus, não que sejam segredos, mas são desejos que eu deposito minha esperança, o que acaba com a possibilidade de serem vagos para deixar assim em simples palavras... vagas.
Coração! Essa é a palavra que posso dizer, também que devo dizer; mas pra não dizer tanto e ela acabar ficando vaga assim como o contexto, deixo-a apenas em evidência. E, é claro, que a perspicácia determine o que minha fala diz e o que o meu dito fala em todo esse tempo de conversa escrita e monologada.
domingo, 10 de fevereiro de 2013
Eu não tive culpa
Há quem diga que isso é fácil, mas a quem é fácil? Aos mentirosos? Não creio que exista facilidade nessa condição; cada pétala que cai no chão tem um reflexo e, caso a reflexão seja um comentário, quem ouvirá esse meu comentário?
Um sábio, há algum tempo, contestou, "já não há mais culpado nem inocente, cada pessoa ou coisa é diferente; já que assim, baseado em que, você pune quem não é você?" e mesmo assim insiste-se em citar orgulho e mais orgulho, que eu não faço ideia de onde surge. É o brilho no olhar de quem aguarda o grande dia de sua vida: casamento, cerimônia de premiação, descoberta importante, conclusão de tese, etc. Ao passo de que esse é só mais um dia... de feitos importantes e alegrias memoráveis até o ultimo dia de sua vida. Ainda assim, só mais um dia.
Onde paramos quando choveu pouco mais que o normal, abriu Sol decadente, chorou cachorro triste e vizinhos não escutavam gritos agressivos? Sei que estávamos em alguma refeição, foi doloroso. Mas preste atenção no seguinte, pois estou tão tenso para mandar uma verdade, que parece mais que isso tudo não passa de armação só pra pregar uma armadilha naquele leitor desatento; então saiba que isso é figuração linguística das mais precisas, e o meu grande pesar é que todos se divirtam na confusão, que não passa de um mistério inexistente.
Sem extrapolar, nunca se deve extrapolar!
A cantoria logo começa. Não vai ter sentido, graça ou sujeito pra tudo isso, mesmo. Mas o som vai rolar, muito som! Ninguém reclama quando tem muito som em cantoria, como música de acampamentos e tal. Daí, começa essa inversão do silêncio e uma narração brota no meio do pronunciamento rítmico - estamos falando da minha história e o orgulho se prontifica logo no começo, aí o constrangimento entorna minha expressão facial, depois o sorriso desqualificado enumera os picos de constrangimento, então o meu rosto desventura a sensação do luau e vermelho passa a ser o nome do meu ultimo piscar de olhos. Nada se resolveu, muito pelo contrário, o fogo ardente no peito só revelou que não há mistério nisso tudo, muito menos solução.
Ainda que tudo aconteça, esteja - e quem sabe, seja - assim, melhor não cutucar a ferida. Me disseram que lá fora é carnaval, mas só estou vendo chuva e vendaval. Ela tem essa capacidade (a chuva) de chamar a nostalgia, o desespero racional, a tristeza; o abalo de emoções em geral. Ainda que seja assim, tudo está feliz, todavia eu - ao menos sou a única pessoa do qual posso afirmar com convicção - não estou. E por quê?
Risadas incessantes acompanham a ultima pergunta e respostas, sejam rápidas ou demoradas, de qualquer forma, não aparecem. Não vou ligar, não vou ligar! Diz-se que estou numa data feliz, então vou procurar a antítese de mim mesmo nesse 'campo de pensamentos', que é a minha cabeça, e vou desmistificar a magia do feriado. Mas, como um ultimo adendo, o farei vivendo-o.
Um sábio, há algum tempo, contestou, "já não há mais culpado nem inocente, cada pessoa ou coisa é diferente; já que assim, baseado em que, você pune quem não é você?" e mesmo assim insiste-se em citar orgulho e mais orgulho, que eu não faço ideia de onde surge. É o brilho no olhar de quem aguarda o grande dia de sua vida: casamento, cerimônia de premiação, descoberta importante, conclusão de tese, etc. Ao passo de que esse é só mais um dia... de feitos importantes e alegrias memoráveis até o ultimo dia de sua vida. Ainda assim, só mais um dia.
Onde paramos quando choveu pouco mais que o normal, abriu Sol decadente, chorou cachorro triste e vizinhos não escutavam gritos agressivos? Sei que estávamos em alguma refeição, foi doloroso. Mas preste atenção no seguinte, pois estou tão tenso para mandar uma verdade, que parece mais que isso tudo não passa de armação só pra pregar uma armadilha naquele leitor desatento; então saiba que isso é figuração linguística das mais precisas, e o meu grande pesar é que todos se divirtam na confusão, que não passa de um mistério inexistente.
Sem extrapolar, nunca se deve extrapolar!
A cantoria logo começa. Não vai ter sentido, graça ou sujeito pra tudo isso, mesmo. Mas o som vai rolar, muito som! Ninguém reclama quando tem muito som em cantoria, como música de acampamentos e tal. Daí, começa essa inversão do silêncio e uma narração brota no meio do pronunciamento rítmico - estamos falando da minha história e o orgulho se prontifica logo no começo, aí o constrangimento entorna minha expressão facial, depois o sorriso desqualificado enumera os picos de constrangimento, então o meu rosto desventura a sensação do luau e vermelho passa a ser o nome do meu ultimo piscar de olhos. Nada se resolveu, muito pelo contrário, o fogo ardente no peito só revelou que não há mistério nisso tudo, muito menos solução.
Ainda que tudo aconteça, esteja - e quem sabe, seja - assim, melhor não cutucar a ferida. Me disseram que lá fora é carnaval, mas só estou vendo chuva e vendaval. Ela tem essa capacidade (a chuva) de chamar a nostalgia, o desespero racional, a tristeza; o abalo de emoções em geral. Ainda que seja assim, tudo está feliz, todavia eu - ao menos sou a única pessoa do qual posso afirmar com convicção - não estou. E por quê?
Risadas incessantes acompanham a ultima pergunta e respostas, sejam rápidas ou demoradas, de qualquer forma, não aparecem. Não vou ligar, não vou ligar! Diz-se que estou numa data feliz, então vou procurar a antítese de mim mesmo nesse 'campo de pensamentos', que é a minha cabeça, e vou desmistificar a magia do feriado. Mas, como um ultimo adendo, o farei vivendo-o.
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
Porta sem chave
Não tenho dias,
Nem caras,
Nem flores,
Nem cores,
Nem dores,
Amores
De uma vida sem sal.
Perdi o riso
Conciso,
Intenso;
Estou tão tenso
Com essa tarde de quarta que vai surgir.
Então pergunto:
Pretérito,
Onde foi que eu errei?
Sabia que seria assim,
Então continuei.
Na amargura do jardim,
Vi uma rosa transviada,
Meio laranja, champanhe;
Foi ela que me entregou.
E agora vejo o presente,
Conjugado,
Como se fosse verbo,
Neologismo,
Mas isso é particípio.
Meu peito reclama,
Com ardor,
Com a chama
Tranquila,
Aquela que nos mantem vivos.
Eu diria que isso é culpa
De uma preguiça mal pensada,
Uma alegria escancarada,
Que deixou de fazer sentido.
E é assim que minha vida tem fluído.
Nem caras,
Nem flores,
Nem cores,
Nem dores,
Amores
De uma vida sem sal.
Perdi o riso
Conciso,
Intenso;
Estou tão tenso
Com essa tarde de quarta que vai surgir.
Então pergunto:
Pretérito,
Onde foi que eu errei?
Sabia que seria assim,
Então continuei.
Na amargura do jardim,
Vi uma rosa transviada,
Meio laranja, champanhe;
Foi ela que me entregou.
E agora vejo o presente,
Conjugado,
Como se fosse verbo,
Neologismo,
Mas isso é particípio.
Meu peito reclama,
Com ardor,
Com a chama
Tranquila,
Aquela que nos mantem vivos.
Eu diria que isso é culpa
De uma preguiça mal pensada,
Uma alegria escancarada,
Que deixou de fazer sentido.
E é assim que minha vida tem fluído.
domingo, 27 de janeiro de 2013
Meu sentido é falho e minha falha é sentida
Me encontro dissimulado; não reconheço o fruto do meu pensamento, se é que os fatos acontecem como o pensado; o tempo vem parecendo muito discreto, embora haja uma discrepância entre o viver e o notar as horas. O 'eu' é forte, mas o 'mim' é fraco e isso repercute tanto na vida, que dá nem vontade de tomar um chá de hortelã pra relaxar, ouvindo o som da suavidade do meu quarto ou o som das minhas músicas (instigante), só por conta do cansaço mental.
Cansaço mental é algo absurdo, já que até quando dormimos, a mente está processando informações. Mas e aquela leitura pesada de um clássico da ciência ou um romance enigmático, que entorna toda sua mente sob a confusão que o processamento das informações gera? Poder-se-a dizer que essa confusão não é um cansaço mental? E, ainda, como a mente descansará então, tido que esta nunca para?
A indagação faz as pessoas irem longe, mas até quando ir muito longe é sinal de que se obtém mais respostas do que ir muito próximo? A Natureza, complexo de infinitos e infinitesimais, é simétrica em sua essência; por que tem-se essa ideia de que ir longe é tão significativo assim, se nem o mais próximo é sabido? As repostas podem até surgir mais facilmente quando se afasta do princípio, mas este não é algo tão conciso a ponto de não poder render respostas até o fim das perguntas. A culpa então deve ser da limitação da mente humana...
E os carnavais - ah, os carnavais... - são tão geniais. Não pela construção social e/ou filosófica que se tem a seu respeito, ou melhor, não me refiro ao carnaval. Falo dos devaneios, das lógicas que não têm sentido, falo de quando a mente raciocina muito, até que o muito sabota a "carne" - como diriam os religiosos - e a mente desgasta o coração. Mas sem maiores aprofundamentos, esse tema é jogar sujo comigo mesmo.
O eu apodrece o mim, e tantos pensamentos assim apodrecem o eu. Mas não pretendo explicar, porque já estou podre na condição de quem conjuga o verbo e podre na condição de quem é objeto do verbo.
Cansaço mental é algo absurdo, já que até quando dormimos, a mente está processando informações. Mas e aquela leitura pesada de um clássico da ciência ou um romance enigmático, que entorna toda sua mente sob a confusão que o processamento das informações gera? Poder-se-a dizer que essa confusão não é um cansaço mental? E, ainda, como a mente descansará então, tido que esta nunca para?
A indagação faz as pessoas irem longe, mas até quando ir muito longe é sinal de que se obtém mais respostas do que ir muito próximo? A Natureza, complexo de infinitos e infinitesimais, é simétrica em sua essência; por que tem-se essa ideia de que ir longe é tão significativo assim, se nem o mais próximo é sabido? As repostas podem até surgir mais facilmente quando se afasta do princípio, mas este não é algo tão conciso a ponto de não poder render respostas até o fim das perguntas. A culpa então deve ser da limitação da mente humana...
E os carnavais - ah, os carnavais... - são tão geniais. Não pela construção social e/ou filosófica que se tem a seu respeito, ou melhor, não me refiro ao carnaval. Falo dos devaneios, das lógicas que não têm sentido, falo de quando a mente raciocina muito, até que o muito sabota a "carne" - como diriam os religiosos - e a mente desgasta o coração. Mas sem maiores aprofundamentos, esse tema é jogar sujo comigo mesmo.
O eu apodrece o mim, e tantos pensamentos assim apodrecem o eu. Mas não pretendo explicar, porque já estou podre na condição de quem conjuga o verbo e podre na condição de quem é objeto do verbo.
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