quarta-feira, 9 de maio de 2012

The wall

Eu juro que não pedi asas, eu só tinha pedido pra voar. Quem sabe eu não conheceria a Europa, a Ásia, a Antártida. Mas aí brotaram asas, conheci além do que os olhos veriam, sensações nada próximas de tudo aquilo que o tato já sentiu. Foi um terror, vi o mundo se acabar, vi guerras, vi genocídios. Eu estava próximo do nirvana, acredito. Mas era tão enlouquecente, tão brusco. Foi minha revolução e minha reconcepção de vivo, morto e além. Foi o fim de algo...

É natural não se compreender, talvez deva ser qualquer dia. Mas sob o hoje, sob meus olhos, sob minha lucidez, a compreensão beira o ódio primitivo, a falta de sensibilidade, o senso humano, a paixão selvagem. Beira diversos conceitos, mas nunca se instala, é forte e ao mesmo tempo solitária. É uma mera palavra dispersa, sob vários olhares desconcertantes. E no fim, as pessoas aceitam, mas não entendem a essência. Às vezes não aceitam, mas a essência sempre passa como insignificante. E dizem que nos aproximaríamos de alguma utopia se conseguíssemos entender a essência.

Mas por qual motivo a necessidade de utopias? É apenas uma rebeldia juvenil, não uma solução, quem sabe ilusão. E os inconsequentes aderem-nas como se fossem brincar num parque de diversões vazio, sob supervisão de adultos, que são aludidos e jamais presentes. Não posso achar isso maduro, tal como sugerem as utopias: amadurecimento das idéias para um bem-estar social mútuo, que seja perfeito. O problema é que a idéia já se torna imatura ao citar a perfeição, pois isso é relativo demais e, do ponto de vista de muitos, nunca houve exemplo disso. Logo, as utopias atrapalham mais que poderiam ajudar.

E voar pode ser um remédio para não enlouquecer à procura de utopias.

Mas a loucura é um aspecto frio observado por intrigados que não sabem porque existem realidades alternativas. De um ponto de vista extremo, realidades complexas que tem necessidades, prioridades e objetivos inesperados. Não deve ser certo chamar de louco aquele que tem seu próprio êxtase por maneiras diferentes das quais a maioria das pessoas tenta e não consegue o obter. Cada um tem sua filosofia e isso se difere de ser vivo pra ser vivo, portanto todos são diferentes e é um absurdo criticar alguns que não seguem à risca padrões observados, jamais classificados e/ou estudados com sucesso. É claro que quando se vive em sociedade, deve-se respeitar os limites de fazer o mal às demais pessoas de um mesmo conjunto e romper com os níveis organizacionais. Acontece que muitos considerados "loucos" podem muito mais ajudar a construir a sociedade que destruir ou romper com a mesma, enquanto ainda assim há "lúcidos" destruindo-a, sob consciência de quase todos os demais e não há uma precaução ou punição para com os mesmos. É injusto, por isso vejo a "loucura" como objeto de observação e cautela, mas não um alvo ou um infrator.

E se for pra falar em erros contra a sociedade, ficaremos eternidades citando-os e criticando-os, ao mesmo tempo que eles estarão acontecendo e se renovando. Então não é adequado ficar discutindo assuntos sem fim ou sentido, é melhor pensar numa maneira eficaz de se obter êxtase pessoal. Dessa maneira, continuamos sendo formigas, gafanhotos ou quem sabe humanos, que deve ser muito mais interessante. E as conclusões continuam sendo apenas um fósforo aceso no meio de um longo túnel sem iluminação: efêmeras e irrelevantes.

Mas pense, não se distorça e viva!