Parece que 2020 é uma busca por verdades, por razões, pelo próprio eu. O confinamento, ao menos pra alguns, é o confronto direto com o eu. E nada pode ser mais assustador que se defrontar com seus pesadelos e, principalmente, com seus sonhos e ideais. Ter fugido de si mesmo ou do que se imaginava pra si num momento em que somente o que conta é sua própria companhia é o verdadeiro desafio: assimilar a discrepância dos "eu não" e "eu nunca" que viraram realidade.
Todas aquelas noções, de amizade, de carreira, de família, de relacionamento, tudo isso se mistura num grande caldeirão. Num caldeirão que o ato de meditar organiza, qualifica, tipifica, mas não resolve. Você consegue transformar boa parte do que enche sua mente, e isso até ajuda bastante, mas a pulga atrás da orelha vai continuar, os verdadeiros problemas, as verdadeiras indagações não vão fugir por você colocá-los em seus devidos lugares.
Não sou devoto da ciência, sou apenas... cientista. Eu posso idealizar um método, definir uma métrica de quanto uma dor dói, mas não consigo encontrar um conceito definitivo do que é dor. Assim como não posso fazer isso em relação ao amor. Mas é nessa antítese de amor-dor que reside grande parte das nossas escolhas, dos nossos guias, nossos Nortes. E aí entram os paradoxos: existe ciência pras nossas escolhas e guias, mas a essência do que os faz não comporta ciência em sua forma mais pura. É um jogo ardiloso que não tem uma única resposta certa. Isso é desesperador.
Sinto falta dos meus amigos. Tudo que escrevi sobre cada um deles é verdade.
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